(Helton Simões Gomes, colaboração para a Folha de S.Paulo) Baixar um arquivo pode levar, no Brasil, até dez vezes o tempo que se gastaria na Coreia do Sul, a líder em banda larga. Faltam cabos de fibra óptica e empresas podem entregar só 10% da velocidade; limite subirá a 60% neste ano
A velocidade média da internet brasileira representa 10% da utilizada na banda larga fixa da Coreia do Sul, a mais veloz do mundo em 2011.
Levantamento da Akamai, empresa americana de infraestrutura de rede, analisou o tráfego de dados na rede da empresa em 187 países.
Numa lista de 50 países com ao menos 25 mil acessos à rede, a Coreia do Sul teve a maior velocidade média, com 17,5 Mbps (megabits por segundo). O Brasil ficou em 40º, com média de 1,8 Mbps -a média mundial foi 2,3 Mbps.
A diferença entre os países é explicada, sobretudo, pelo deficit de cabos de fibra óptica em várias regiões do Brasil, de acordo com especialistas ouvidos pela Folha.
Na Coreia do Sul, a banda larga se tornou um plano do governo há 20 anos, dando amplitude à rede de fibra óptica, afirma Eduardo Levy, diretor-executivo do SindiTelebrasil (sindicato das operadoras). No Brasil, só no ano passado o governo colocou em sua pauta a banda larga.
As maiores redes de fibra óptica são de operadoras pequenas, como GVT e Net.
Oi e Telefônica começaram a ampliar as redes em 2011.
Carro na estrada
Além dos gargalos na infraestrutura, as empresas não conseguem fornecer a todos os clientes ao mesmo tempo a velocidade contratada.
Ele compara o tráfego na rede ao movimento em uma estrada. A velocidade desempenhada depende da quantidade de “carros” na pista. Se houver um tráfego excepcional, a velocidade cairá.
Uma das saídas seria construir mais “pistas”.
Mas ampliar a rede de fibra óptica é caro. A Teleco, consultoria especializada em telecomunicações, estimou em fevereiro que o custo para trocar o cabeamento no Brasil é de R$ 100 bilhões (mais que o triplo do que todas as empresas do setor investiram em 2011).
Outro problema é que o preço da conexão de internet por fibra óptica é alto, o que afasta os consumidores.
Para driblar esse efeito, o governo autorizou no ano passado que as teles pudessem vender pacotes que incluem TV por assinatura.
“Só tem sentido ofertar alta banda a baixo custo se você consegue ratear o custo disso de alguma forma”, diz Daniel Domeneghetti, sócio da e-consulting, consultoria em infraestrutura de rede.
Apesar da velocidade média baixa, o Brasil foi o oitavo em fluxo de informações trocadas pela rede, segundo a Akamai. O país respondeu por 4,4% da circulação global de dados na rede. Os EUA lideram o ranking, com 10%.
Download demorado
Segundo Domeneghetti, isso não significa que haja amplo público disposto a pagar por um preço maior. “São pessoas que usam internet no escritório e não ligam se o vídeo demora para carregar.”
A operadoras não são obrigadas a entregar toda a velocidade contratada. Na prática, entregam 10%, mas a partir de outubro terão de chegar a 60%. Em fevereiro, as operadoras passaram a pôr em seus sites um medidor de velocidade, que será obrigatório a partir de outubro.
Acesse em pdf: Internet no país é só a 40ª em velocidade (Folha de S.Paulo – 10/05/2012)