Expostas ao abandono e à vulnerabilidade, são crianças que correm riscos, como violência sexual, exploração e perda da autoestima
Números da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) mostram que 29.137 mulheres estavam presas em celas físicas no país em dezembro de 2024. Deste total, 13.384, ou 46%, são mães.
Longe das genitoras, os filhos enfrentam estigma social e descaso do Estado. Expostas ao abandono e à vulnerabilidade, são crianças que correm riscos, como violência sexual, exploração e perda da autoestima.
“O sistema prisional é uma máquina mortífera de moer pessoas, em sua maioria jovens, pretos e pobres”, afirma a irmã Petra Pffaller, coordenadora nacional da Pastoral Carcerária, braço da Igreja Católica que promove assistência às presas e suas famílias.
O relatório da Senappen aponta ainda que 180 mulheres encarceradas eram gestantes ou parturientes no fim do ano passado, e 98, lactantes, o que resultou em 120 bebês ou crianças nos estabelecimentos penais.
“É absurdo termos crianças presas, ao lado das mães, que deram à luz na prisão. Isso afronta o direito do recém-nascido à liberdade”, diz Petra.
Em casos de mães solo, os filhos ficam posteriormente sob os cuidados de familiares ou em abrigos. A separação pode provocar problemas emocionais.