Bancos de leite do SUS oferecem suporte gratuito para mães com dificuldade na amamentação

03 de setembro, 2025 Folha de S. Paulo Por Laiz Menezes

  • Unidades de saúde têm orientação sobre pega, manejo da dor e ordenha
  • Atendimento não exige encaminhamento médico nem é necessário agendar o serviço

Após enfrentar dificuldades para amamentar o filho recém-nascido, a psicóloga Jéssica Assunção, 34, encontrou no Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga, no Distrito Federal, o apoio necessário para retomar a amamentação. Ela aprendeu técnicas de pega e ordenha e faz acompanhamento do ganho de peso do bebê.

O atendimento gratuito faz parte dos serviços da RBLH (Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano), presente em todo o país e integrado ao SUS (Sistema Único de Saúde). Não é necessário ser encaminhado por médicos ou agendar o serviço: basta chegar à unidade. No local, as mães recebem orientação sobre pega e posicionamento, manejo da dor e estímulo à produção de leite.

“A mulher pode tirar dúvidas, participar de grupos educativos ou ter consulta individualizada, com equipe multiprofissional de enfermagem, nutrição e medicina”, explica Danielle da Silva, coordenadora do Banco de Leite Humano do IFF da Fiocruz (Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz), responsável pelo monitoramento e pela coordenação técnica da RBLH.

No primeiro semestre de 2025, 1,6 milhão de mães receberam orientações sobre amamentação, número estável em relação a 2024, com leve aumento de 3,2%. O número de doadoras se manteve próximo ao do ano anterior (112 mil em 2024 contra 111 mil em 2025), enquanto o total de bebês prematuros beneficiados cresceu 8,6%, de 124 mil para 135 mil. A quantidade de leite coletado caiu 14,5%, de 143 mil para 123 mil litros.

A presidente do Departamento Científico de Aleitamento Materno da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), Rossiclei Pinheiro, destaca que o início da amamentação é um momento desafiador para muitas mulheres, especialmente nas primeiras semanas, quando surgem dúvidas sobre a pega correta, fissuras na mama, dor e insegurança.

Ela diz que a dificuldade para amamentar é comum e geralmente está ligada a fatores como falta de apoio profissional ou familiar, baixa produção de leite, volta precoce ao trabalho, mitos sobre leite fraco ou insuficiente e condições de saúde do bebê, como prematuridade ou internação em UTI (Unidade de Terapia Intensiva) neonatal.

Segundo ela, contar com apoio especializado nesse período é fundamental para evitar o desmame precoce e garantir que a amamentação seja bem-sucedida. “Pequenas intervenções, como corrigir a posição do bebê e ensinar técnicas adequadas, fazem uma grande diferença na experiência da mãe e no desenvolvimento do bebê”, afirma.

Ela reforça que o aleitamento materno exclusivo deve ser mantido até os seis meses, conforme recomendação da OMS (Organização Mundial de Saúde), e que a rede de apoio é essencial para sustentar esse processo. “Amamentar não é instinto puro, é uma prática que se aprende, e toda mãe merece ter suporte para isso”, conclui.

Jéssica engravidou por fertilização in vitro (FIV). A gestação e o parto foram tranquilos, realizados na rede privada, mas a amamentação se tornou um desafio: com mamilos invertidos, não conseguia a pega correta. Com três dias de vida, Téo precisou ser internado por icterícia, e a amamentação foi temporariamente suspensa. A médica que a atendeu em um hospital privado recomendou que ela buscasse ajuda no Banco de Leite do Hospital Regional de Taguatinga.

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