- Pesquisa mostra predominância masculina em todos os segmentos da transição energética
- Levantamento também revela a baixa presença de pessoas indígenas no setor, que representam entre 0,2% e 0,4%
Apenas 7% dos empregos formais em companhias de energia limpa no Brasil são ocupados por mulheres negras, segundo estudo da organização sem fins lucrativos CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades).
O levantamento, que foi apresentado durante a COP30, em Belém (PA), analisou a composição social, racial e de gênero dos empregos nos setores de geração de energia elétrica e de restauração ambiental.
Segundo o CEERT, a pesquisa mostra que, apesar do avanço do discurso sobre empregos verdes, a transição energética brasileira ainda reproduz desigualdades estruturais.
Quando analisado apenas o fator gênero, o estudo mostra predominância masculina em todos os segmentos.
Nos empregos ligados a fontes limpas, como solar, eólica e biomassa, 86% dos vínculos formais são de pessoas do sexo masculino. Nas atividades de restauração ambiental, consideradas estratégicas para a economia de baixo carbono, a presença masculina também lidera, com 69,3% das pessoas sendo homens.
Com relação à desigualdade racial, em todos os setores de energia a presença de pessoas negras é inferior à sua representação na população e na força de trabalho do Brasil (56,8% e 56,2%, respectivamente).
Segundo o CEERT, os números mais extremos estão nas empresas de energia hídrica, onde apenas 31,2% dos vínculos são de pessoas negras.
Mas o quadro se agrava quando são cruzados os dados de raça e gênero. As mulheres negras são o grupo mais sub-representado, totalizando apenas 7% dos empregos em energia limpa, 6,2% na geração hídrica e 10,7% na produção a partir de fontes não limpas.
Para efeito de comparação, no setor hídrico, mulheres brancas somam 17,8% dos vínculos formais de emprego, enquanto homens brancos chegam a 47,2%.
O estudo também revela a baixa presença de pessoas indígenas, que representam entre 0,2% e 0,4% dos empregos formais analisados. Segundo o CEERT, o Brasil deveria incorporar melhor tecnologias e saberes ancestrais em suas políticas sustentáveis.
A pesquisa cruza dados do Ministério do Trabalho, da Aneel e da Rebre (Rede Brasileira de Restauração Ecológica), integradas à plataforma Radar CEERT, que analisou funcionários de 378 empresas dos segmentos de geração de energia, e 64 de reflorestamento.