(Época) Robert Spitzer, um dos psiquiatras mais influentes dos Estados Unidos, pediu desculpas à comunidade gay por ter apoiado tentativas de “curar” a homossexualidade, informa o jornal britânico The Guardian.
Em 2001, Spitzer publicou, na revista acadêmica “Archives of Sexual Behaviour” (“Arquivos do Comportamento Sexual”), um estudo científico sobre a “terapia reparadora”, e foi saudado por religiosos conservadores. O psiquiatra escreveu agora para a mesma publicação se retratando. Em carta divulgada neste fim de semana, ele chamou o estudo de “fatalmente falho”.
“Eu também peço desculpas a qualquer gay que tenha desperdiçado tempo e energia tentando de alguma forma a terapia reparativa porque acreditou que eu tinha provado que a terapia reparativa funciona.” |
O estudo de Spitzer, segundo o Guardian, observou 200 pessoas que realizaram a terapia conduzida por grupos religiosos. Ele então perguntou a cada pessoa o mesmo conjunto de perguntas, analisando seus sentimentos e impulsos sexuais depois da terapia. O psiquiatra concluiu que muitos deles relataram mudanças em seus desejos sexuais de homossexuais para heterossexuais. Muitos acusaram a pesquisa de não ser rigorosa e de não levar em consideração que os pesquisados poderiam ter mentido ou se autoenganado sobre seus sentimentos.
Em uma entrevista com o The New York Times na semana passada, Spitzer, que tem 79 anos e sofre da doença de Parkinson, falou sobre sua carta de retratação. “É o único arrependimento que tenho, o único profissional”, disse Spitzer ao jornal americano. “Na história da psiquiatria não sei se eu já vi um cientista escrever uma carta dizendo que os dados estavam todos lá, mas foram totalmente mal interpretados”, disse o psiquiatra.
Movimentos gays elogiaram a ação de Spitzer e apontaram o momento como um “divisor de águas” na luta contra o mito do “ex-gay”.
Acesse em pdf: Psiquiatra famoso nos EUA pede desculpas por estudo sobre ‘cura’ para gays (Época – 20/05/2012)