(Globo.com) Centenas de homens se infiltraram na manifestações de mulheres que pediam o fim de assédios sexuais e as molestaram na sexta-feira. Os agressores não se incomodaram com a presença de um cordão de segurança improvisado e agarraram várias manifestantes, tentando inclusive encurralá-las em grades na calçada.
Algumas vítimas disseram que o ataque parecia uma tentativa organizada de tirar as mulheres da marcha e atrapalhar o movimento pró-democracia. Mais cedo, nesta semana, mulheres foram violentadas na Praça Tahrir, epicentro do levante que derrubou o governo do ditador Hosni Mubarak. Na época, um repórter da AP disse ter visto uma das mulheres ser atacada por quase 200 homens e desmaiou antes que outros conseguirem ajudá-la.
A marcha da última sexta-feira foi convocada para pedir justamente o fim da violência sexual. Cerca de 50 mulheres participaram do ato, cercadas por um grande grupo de homens simpatizantes a causa que formaram uma espécie de cordão de segurança. Juntas, as manifestantes entoam “a mulher egípcia grita, assédio é uma barbárie”.
Ao entrar em um canto populoso da praça, manifestantes foram perseguidas por um outro grupo de homens, que aproveitaram para agarrar e molestar algumas das mulheres. Os homens que fazia a segurança do grupo tentaram impedir o ataque, mas os agressores corriam atrás das mulheres, tentando encurralá-las contra uma grade de metal na calçada. Até uma repórter da AP foi agarrada por homens que tentaram tocá-la por debaixo da roupa e revistaram sua bolsa. A confusão foi generalizada.
Afinal, as mulheres conseguiram buscar refúgio em um prédio próximo e só saíram depois que os agressores foram embora. Miriam Abdel-Shadid, de 25 anos, acredita que os ataques são uma tentativa para fazer com que as mulheres “voltem para casa”. Ahmed Mansour, de 22 anos, que ajudou a proteger as mulheres na sexta-feira disse que o objetivo dos agressores é fazer com que “as mulheres odeiem ir à Praça Tahrir” e, por isso, estariam fazendo o máximo de vítimas possível.
Acesse em pdf: Egípcias protestam contra assédio sexual e são molestadas (Globo.com – 09/06/2012)