(Bem Paraná) A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Congresso Nacional, que investiga a violência contra a mulher no Brasil, esteve ontem (24) em reunião na sede da OAB-PR em Curitiba. Na ocasião, os integrantes da Comissão ouviram lideranças de movimentos feministas e de defesa dos direitos da mulhere colheram informações sobre o atendimento prestado no Instituto Médico Legal, que realiza os exames nas vitimas de violência.
As informações, cedidas pela presidente da Associação dos Médicos Legistas do Paraná, Maria Leticia Fagundes, interessaram tanto os participantes da Comissão, que os dados devem ser levados em uma próxima reunião da CPMI em Brasília, a pedido da presidente da Comissão, senadora Ana Rita.
“Dei um relato de minhas experiências de 17 anos como médica legista atendendo mulheres vítimas de violência“, contou a médica. Além disso, a comissão ainda conheceu o projeto MaisMarias, encabeçado por Maria Letícia Fagundes, que leva informações sobre a Lei Maria da Penha através de palestras gratuitas nas comunidades.
Outro assunto abordado na reunião foi a situação do IML, que acaba refletindo no atendimento ao público e também na demora das investigações policias, que dependem dos exames feitos no local. “Falamos sobre os equipamentos antigos, a demora para saírem os resultados dos exames – o que influencia muito no desenrolar dos inquéritos – e ainda da desvalorização da carreira dos médicos e de todos no IML “, conta Maria Letícia.
O bloqueio da senha da médica para o sistema que gera os dados da violência em Curitiba através de estatísticas feitas através dos exames no Instituto ainda foi alvo de bastante indignação dos integrantes da CPMI. O fato aconteceu em meados de novembro de 2011, dias após Maria Letícia divulgar alguns dados que revelaram que as meninas entre 12 e 18 anos são os maiores alvos da violência sexual em Curitiba, e as mulheres adultas, com idade entre 19 e 50 anos, as principais vítimas de lesão corporal, também na capital.
“Essa situação foi recebida com repúdio pelos membros da comissão, que se comprometeram a tomar as medidas cabíveis para que nós possamos voltar a ter acesso a esses dados considerados importantes para se ter uma visão mais real da violência contra a mulher em Curitiba e no Paraná”, explicou a doutora.
Após a reunião, a pedidos do deputado Drº Rosinha – que integra a comissão –Maria Letícia entregou um relatório com os problemas do IML, sugestões e propostas para a melhoria no atendimento do local.
Também participaram da reunião os deputados federais Drº Rosinha (PT-PR), Rosane Ferreira (PV-PR), Senadora Ana Rita (PT-ES), todos membros da CPMI, e a presidente da Comissão da Mulher Advogada da OAB-PR, Drª Sandra Lia Leda Bazzo Barwinski.