Vítimas chegam a denunciar, mas não seguem com o processo. No ano passado, foram 2.306 desistências. Apenas 815 prosseguiram, aponta Delegacia da Mulher
(Metro) Por mais que haja esforços dos profissionais envolvidos no atendimento à mulher vítima de violência, a maioria delas volta atrás em relação à denúncia. Dados da Delegacia da Mulher apontam que, no ano passado, 2.306 ações não tiveram continuidade por desistência da própria vítima. São 74% num universo de 3.121 agendamentos realizados na capital.
Esses casos referem-se a injúria, difamação, calúnia e, principalmente, ameaças. “Neles é preciso que a mulher faça a representação contra o agressor. Só assim é possível instaurar o inquérito policial. Se há desistência, o procedimento é encaminhado a juízo e, então, arquivado”, explica a delegada titular Vanessa Alice.
No caso de lesão corporal, a situação muda. Segundo a delegada, a vítima não pode, por determinação legal, voltar atrás. Mas, ainda assim, há situações de mulheres que tentam deixar o processo de lado. “Se isso ocorrer, nossos investigadores vão a sua procura, e a encontram. Mas não é comum”, diz Vanessa Alice.
No ano passado, somente os casos de agressões somaram 2.493 ocorrências.
Motivos
De acordo com a delegada adjunta da Delegacia da Mulher, Araci Carmem Costa Vargas, entre as principais razões para a desistência está a dependência financeira e afetiva em relação ao agressor.
“Elas também alegam que houve reconciliação, que há os filhos e a família vem em primeiro lugar ou dizem: aconteceu só uma vez”, conta a delegada adjunta.
As mulheres são atendidas por psicólogas, mas nem sempre elas conseguem reverter a situação de desistência.
Acesse em pdf: 74% das mulheres voltam atrás nas ações contra violência (Metro – 25/03/2013)