12/05/2013 – ‘Gravidez é vista como ascensão’

12 de maio, 2013

Mãe aos 13 anos, Jéssica ainda mora com a mãe

(O Estado de S. Paulo) Quando Luiz Cláudio Carvalho se mudou para a casa da namorada, teve de dividir espaço com um urso gigante e outros bichos de pelúcia. Era um quarto de menina – Jéssica Aparecida da Silva tinha 13 anos. Pouco depois, ela engravidou da primeira filha. Já são duas: Maria Luiza, de 1 ano e 9 meses, e Emanuelle Cristina, de 2 meses. Hoje, Jéssica faz parte de um grupo para adolescentes criado no Hospital da Mãe – maternidade estadual para gestantes de baixo risco na Baixada Fluminense. Ali, 20% dos bebês nascem de mães com menos de 19 anos.

Estatísticas da Secretaria de Estado de Saúde do Rio mostram que as adolescentes são mães com mais frequência que as mulheres com mais de 35 anos. No ano passado, nasceram 40.439 crianças de jovens de 12 a 19 anos e 28.027 de mulheres com mais de 35. Quatro bebês tiveram mães meninas, menores de 12 anos.

“Várias razões explicam a gravidez na adolescência. Elas se sentem invulneráveis – acreditam que nada vai acontecer com elas. Nem todas usam pílula anticoncepcional e as que usam nem sempre o fazem da forma correta. E, muitas vezes, veem a gravidez como forma de ascensão social, de maior reconhecimento na família”, diz o diretor do hospital, Sérgio Teixeira.

Jéssica não usava pílula quando engravidou de Maria Luiza. Tinha 14 anos, cursava o 1.º ano do ensino médio e fazia um curso de informática. Ela e o namorado moram com a mãe e a avó da menina, mas Jéssica escondeu a gestação da família até o quinto mês. “Eu não estava querendo. Minha mãe me xingou de tudo o que é nome.”

Apesar do susto, Jéssica engravidou pela segunda vez quando Maria Luiza estava com 10 meses. “Só fiquei menstruada uma vez. Achava que não ia acontecer porque estava amamentando.” Dessa vez, escondeu até do companheiro – só revelou no quarto mês de gravidez.

A rotina do casal não é fácil. Luiz Cláudio, hoje com 19, trabalha como auxiliar de caminhão e sai de casa às 4h. Jéssica amamenta as duas meninas, que se revezam nas mamadas durante a madrugada. Ela levanta às 6h30 e se divide entre tarefas domésticas e o cuidado com as filhas. “A gente quase não sai. O único passeio é ir à casa da mãe dele. Tudo é uma aventura com as duas”, resume. Para a irmã, de 15 anos, o conselho é para que não siga sua trilha. “Ela sabe o que eu passo.”

Acesse: ‘Gravidez é vista como ascensão’ (O Estado de S. Paulo – 12/05/2013)

 

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