04/06/2013 – Campanha federal ‘sou feliz sendo prostituta’ será suspensa

04 de junho, 2013

(O Estado de S. Paulo) O Ministério da Saúde lançou uma campanha nas redes sociais para reduzir o estigma em torno da prostituição que deve causar discussão. Uma das peças diz: “Eu sou feliz sendo prostituta” e tem profissionais do sexo como protagonistas. A iniciativa surge após uma série de outras polêmicas envolvendo campanhas de saúde na gestão Dilma Rousseff.

Composto por vídeos e banners, o material é fruto da oficina de profissionais do sexo realizada em março em João Pessoa, que tem como mote “Sem vergonha de usar camisinha”. Nas peças, mensagens contra o preconceito, sobre o desejo de ser respeitada e a necessidade de prevenção contra DST-aids. Feita para marcar o Dia Internacional das Prostitutas, 2 de junho, a campanha – que retrata positivamente a profissão – foi bem recebida por feministas e grupos que trabalham com prevenção.

“Quem sabe seja um sinal de que o governo possa retomar uma política de prevenção em aids e saúde pública sem discriminação, lançando até mesmo as campanhas censuradas dirigidas aos gays, que gastaram dinheiro público e não foram utilizadas”, afirmou o professor da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP), Mario Scheffer.

Em março, o Estado revelou que o Ministério da Saúde havia determinado a suspensão da distribuição de material educativo para prevenção de aids dirigido a adolescentes. O kit, formado por seis revistas em quadrinhos, abordava temas como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade e havia sido feito em colaboração com a Unesco.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou na época que a distribuição havia sido feita sem seu conhecimento e não tinha aprovação do conselho editorial. A decisão se somou a uma série de episódios do governo Dilma. Em maio de 2011, a presidente determinou o cancelamento da entrega de um kit de combate à homofobia produzido pelos Ministérios da Saúde e da Educação.

O especialista da USP ressalta que as ações para redução do preconceito são essenciais para estimular a prevenção. Daí, completa, a necessidade de que iniciativas semelhantes sejam feitas com outros grupos.

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Público-alvo

“A valorização é o primeiro passo para a prevenção”, afirmou a presidente da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos, Santinha Tavares. Para ela, o governo acertou em trazer mensagens para prostitutas. “Outros grupos já haviam sido contemplados. Era essencial a mensagem para essas profissionais.” Os cinco vídeos agora exibidos foram feitos pelas próprias participantes da oficina. Além de prostitutas, fizeram parte do encontro representantes de organizações não governamentais, associações e movimentos sociais.

Acesse em pdf: Campanha federal diz: ‘sou feliz sendo prostituta’ (O Estado de S. Paulo – 04/06/2013)


04/06/2013 13h49 – Atualizado em 04/06/2013 13h55

Ministro diz que mensagem ‘Sou feliz sendo prostituta’ será suspensa
‘Enquanto for ministro, não acho que tem que ser passada’, diz Padilha.
Mensagem faz parte de campanha contra associação entre prostitutas e HIV.

(G1) O ministro da saúde, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira (4) que o panfleto com a mensagem “Sou feliz sendo prostituta” não deve ser veiculado em campanha do ministério. A pasta lançou nas redes sociais no último final de semana uma campanha o objetivo de reduzir o estigma da prostituição associada à infecção pelo HIV e Aids. O G1 viu o panfleto no site do ministério na manhã desta terça, mas ele foi retirado no início da tarde.

“Enquanto eu for ministro, não acho que essa tem que ser uma mensagem passada pelo ministério. Nós teremos mensagens restritas à orientação sobre a prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Respeito as entidades e os movimentos que queiram passar essa mensagem, mas é papel deles. O papel do Ministério da Saúde é estimular a prevenção às DST’s”.

O tema da mobilização feita pelo Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais do ministério é “Sem vergonha de usar camisinha” e celebra o Dia Internacional das Prostitutas, comemorado no último 2 de junho. Padilha disse ainda que o ministério recebeu sugestões de mensagens para a campanha de “entidades que representam as profissionais do sexo” e que todo o material passa por avaliação. 

“Não é a primeira vez que o ministério fazcampanhas, ações e materiais específicos para grupos específicos que são mais vulneráveis às DST’s. Não tem remédio, então o Ministério da Saúde toda vez ouve organizações, ouve essas pessoas, para saber qual é a melhor forma de chegar essa mensagem”, disse Padilha.

“Não existirá nenhum material assinado pelo Ministério da Saúde que não seja material restrito às orientações de como se prevenir das DST’s”, completou,
A mobilização é composta por panfletos e cinco vídeos protagonizados por prostitutas. Os panfletos trazem frases como “não aceitar as pessoas da forma como elas são é uma violência”; “um beijo para você que usa camisinha e se protege das DSTs, Aids e hepatites virais” e “o sonho maior é que a sociedade nos veja como cidadãs”. Um dos vídeos mostra uma prostituta que sonhou ter sido respeitada: “sonhei que sou respeitada, que sou uma flor, uma rosa sem espinhos”, diz a protagonista.

O material, feito em uma oficina de comunicação em saúde para profissionais do sexo em João Pessoa (PB), vai circular na internet até dia 2 de julho. A campanha também homenageia Rosarina Sampaio, fundadora da Federação Nacional de Trabalhadoras do Sexo, que morreu no último dia 25 de março.

Acesse em pdf: Ministro diz que mensagem ‘Sou feliz sendo prostituta’ será suspensa (G1 – 04/06/2013)

 

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