(Zero Hora) A designer de interiores norueguesa Marte Deborah Dalelv se pronunciou após ter sido condenada a 16 meses de prisão quando foi denunciar à polícia de Dubai, nos Emirados Árabes, que havia sido estuprada.
Ela foi julgada por ter tido relações fora do seu casamento, falso testemunho e por ter ingerido bebidas alcóolicas.
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Para alguém ser condenado por estupro nos Emirados Árabes a lei exige que o agressor confesse o crime ou que quatro homens adultos testemunhem sobre o ataque.
Dalelv, de 24 anos, estava trabalhando em uma empresa de design no Qatar desde setembro de 2011.
Ela contou à CNN que uma viagem a Dubai para uma reunião de trabalho se tornou um grande pesadelo. Após ir a um bar com os seus colegas e amigos, ela pediu a um colega do sexo masculino para acompanhá-la para o seu quarto, por achar que não saberia o caminho e, também, por ter bebido. Mas a pessoa acabou indicando o caminho de outro quarto e puxou-a para dentro, apesar de Dalelv ter manifestado sua contrariedade.
— Ele me arrastou pela minha bolsa, então eu pensei, “OK”, eu só preciso acalmar a situação. Vou terminar a minha garrafa de água, eu vou sentar aqui e depois vou me desculpar e dizer que eu me sinto bem — disse à CNN.
Essa foi a última lembrança que ela disse ter antes da suposta agressão sexual.
—Eu acordei sem a minha roupa e ele estava me estuprando. Tentei sair, tentei tirá-lo, mas ele me empurrou de volta para baixo dele — acrescentou.
Após o acontecido, Dalelv diz ter ligado para a polícia, que fez perguntas do tipo: “Você tem certeza que não ligou para a polícia só porque você não gostou?” Ela foi levada para um exame médico íntimo e realizou testes para verificar se havia consumido álcool. Seus pertences foram levados e a mantiveram na prisão por quatro dias, disse ela, sem nenhuma explicação aparente.
Depois de três dias presa, Dalelv conta que foi libertada. Um representante da embaixada da Noruega no país, avisado pelos pais da Norueguesa, foi o responsável pela sua liberação. Ela pôde sair mas o seu passaporte não foi devolvido.
Seguindo conselhos para tentar se ver livre de qualquer acusação, a designer tentou dizer que o sexo foi voluntário para receber seu passaporte de volta. Com essa tentativa, tudo o que conseguiu mais uma acusação: falso testemunho.
Na última terça-feira, Marte Deborah Dalelv foi condenada em todas as três acusações. Um ano de prisão por ter feito sexo ilícito, três meses de prisão por fazer uma declaração falsa e um mês para o consumo ilegal de álcool.
Ela deverá ir ao tribunal novamente no dia 5 de setembro para ter o seu recurso de defesa analisado. Até um desfecho para o caso, Dalelv não está autorizada a sair dos Emirados Árabes Unidos. Não se tem informação sobre o que aconteceu com o suposto autor do estupro, que foi acusado de ter relações sexuais fora do casamento.
Os Emirados Árabes Unidos tem sido fortemente criticado por grupos de direitos humanos, que dizem que o país tolera a violência sexual contra as mulheres.
Acesse em pdf: Norueguesa diz enfrentar a justiça de Dubai por ter sido estuprada (Zero Hora – 22/07/2013)