(Brasil Econômico) A Tesco investirá 1 bilhão de libras esterlinas (US$ 1,5 bilhão) para reformar suas lojas no Reino Unido, para fazer com que as famílias fiquem mais tempo e gastem mais.
No entanto, algumas mães preferem que os filhos não entrem nas lojas por causa das revistas masculinas que vendem. O recente compromisso do maior varejista britânico para evitar vender publicações como Zoo, Loaded e Nuts e para esconder tudo menos o título das prateleiras não é suficiente, afirmam organizações feministas. Elas estão planejando fazer em 24 de agosto um dia de protesto para pressionar a rede de lojas a não venderas revistas, cujo público são os homens de menos de 30anos. As revistas combinam mulheres com pouca roupa e uma atitude simplista perante a vida, piadas e esportes.
As revistas “incentivam o comportamento e as atitudes sexistas que favorecem a violência contra as mulheres”, disse Sophie Bennett, porta-voz de uma campanha contra essas publicações. Embora não sejam classificadas como pornográficas,um relatório do governo de 2010 afirmou que transmitem a mensagem de que os homens devem ser sexualmente dominantes e considerar o corpo feminino como um objeto.
Embora o grupo queira que todas as lojas descartem as revistas, focaram-se na Tesco por “seu papel essencial como líder”. Assim, dificultam os esforços da companhia para transformar os hipermercados dos subúrbios em destinos familiares, uma aposta para se recuperar da primeira diminuição de lucros em duas décadas, no ano passado, causada pela concorrência de rivais mais baratos e pela Internet.
Segundo a Nielsen, as vendas de revistas representam menos de 0,4% da receita dos supermercados britânicos. A primeira loja reformada da Tesco possui restaurantes familiares, lanchonetes e padarias e abrirá em Watford, perto de Londres, no dia 12 de agosto, uma semana antes dos protestos.
As vendas da Nuts, da IPC Media, caíram de mais de 306.000 exemplares por semana em 2005 a 80.000 atualmente, segundo dados da Secretaria de Auditoria de Publicações. A Zoo vende pouco mais de 44.000 exemplares e antes vendia 260.000.
A IPC afirmou que as revistas de homens como a Nuts “celebram as mulheres”. As atrizes dos reality shows de biquíni na capa são anunciadas como “as estrelas mais sensuais da TV”. Numa entrevista, pergunta-se a uma delas “Como vão os seus novos seios?”.
“Essas revistas estão nas lojas há anos e não incomodam ninguém”, disseJoanneHolding-Parsons, uma mãe que mora em Essex. “Eles deveriam brigar para que a pornografia infantil desapareça da Internet”.
A Tesco é a única das quatro principais varejistas britânicas que vende as revistas sem a proteção conhecida como faixa de pudor. Na semana passada, a companhia disse que colocará essas revistas atrás de outras. A Asda da Wal-Mart Stores Inc, a J Sainsbury Plc e a William Morrison Supermarkets Plc informaram que colocaram as faixas há pelo menos três anos por causa de reclamações dos clientes.
O Co-Operative Group Ltd., o quinto maior varejista, pediu aos editores da Front, da Loaded, da Nuts e da Zoo que até 9 de setembro começassem a colocar suas revistas em embalagens opacas. Caso contrário, serão excluídas das 4.000 lojas do grupo.
Gabi Thesing e Morgane Lapeyre, Bloomberg News.
Acesse o PDF: Revistas masculinas colocam mães inglesas contra a varejista Tesco (Brasil Econômico, 12/08/2013)