(Folha de S.Paulo) No sábado, 18, as russas Kseniya Ryzhova e Tatyana Firova, ao ganharem a medalha de ouro no revezamento 4×400 metros deram um beijo no podium. As duas depois afirmaram que são heterossexuais e que fizeram o ato como a celebração da felicidade de uma conquista. No domingo, 19, Emerson Sheik postou uma foto dando um selinho em seu amigo Isaac Azar, o dono do restaurante Paris 6, em São Paulo. O craque do Corinthians estava acompanhado da namorada na hora da foto e Azar é casado e sua esposa espera o terceiro filho.
O primeiro caso, o selinho das russas – sustentado pelo fetiche heterossexual masculino de ver duas mulheres se beijando – não criou em si muito burburinho. O que aconteceu foi a leitura da imprensa mundial que logo nomeou o ato como um protesto contra as leis anti-gays da Rússia. Elas negaram – não se sabe se por pressão dos dirigentes russos ou porque o Ocidente teve mesmo uma visão exagerada do ato. Mas o que importa é a imagem e ali parecia ter um contexto político (mesmo que a intenção não fosse esta como as atletas mesmo fizeram questão de alegar em uma coletiva) do que sexual. Nela, existe a expressão da afetividade de duas pessoas vitoriosas independente de sua orientação sexual.
O mesmo podemos falar do beijo de Sheik, ali são amigos, é troça. O próprio atacante escreveu na legenda da foto que dá uma selinho em Azar: “Tem que ser muito valente para celebrar a amizade sem medo do que os preconceituosos vão dizer. Tem que ser muito livre para comemorar uma vitória assim, de cara limpa, com um amigo que te apoia sempre. Hoje é um dia especial. Vencemos, estamos mais perto dos líderes. É dia de comemorar no melhor restaurante de São Paulo, o Paris 6, com o melhor amigo do mundo, Izac. Ah, já ia me esquecer, para você que pensou em fazer piadinha boba com a foto, da uma pesquisada no meu Instagram todo antes, só para não ter dúvida”.
Acesse o PDF: Heterossexuais são responsáveis por questionar homofobia e avançar a questão gay nos esportes (Folha de S.Paulo, 20/08/2013)