(R7 Notícias) Em janeiro deste ano, estudantes da UnB (Universidade de Brasília) ficaram perplexos ao encontrar mensagens homofóbicas, pichadas em vermelho, na porta do Centro Acadêmico de Direito da universidade.
Apesar da perplexidade, o caso reflete a violência contra Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros registrada na capital do País.Uma pesquisa revela que o Distrito Federal é a unidade da federação que, proporcionalmente, mais registrou denúncias de violência homofóbica no Brasil.
O 2º Relatório Sobre Violência Homofóbica 2012 foi elaborado e divulgado pela coordenação de Promoção dos Direitos LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros), da SDH (Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República).
O levantamento apontou que no ano passado foram realizadas 239 denúncias sobre 411 casos de violência homofóbica, o que representa 9,3 registros para cada cem habitantes do DF. No total, houve aumento de 431% em relação a 2011, quando foram registradas 45 denúncias.
O relatório se baseou em denúncias encaminhadas por meio do Disque 100, da SDH, do Ligue 180, da Secretaria de Políticas para Mulheres, e da Ouvidoria do SUS (Sistema Único de Saúde), do Ministério da Saúde.
Para o coordenador da Diretoria de Diversidade da UnB (Universidade de Brasília), professor José Zuchiwschi, as pessoas estão denunciando mais casos de homofobia no DF porque estão mais próximas do poder e mais informadas sobre os canais de denúncia.
— Esses canais hoje são muito mais eficientes e presentes, no sentido de trazer cidadania para as pessoas e proteger os direitos delas. Daí a importância de mantê-los.
O professor afirmou ainda que as denúncias são importantes para levantar dados e mostrar à população que o problema existe e acontece todos os dias. Segundo ele, muitas vezes são casos de violência física que causam mortes ou lesões gravíssimas às vítimas. O relatório aponta que só no DF foram denunciados 24 casos de violência física, cinco de violência sexual e três homicídios.
No entanto, própria secretaria reconhece que as notificações não correspondem à totalidade dos casos de violência homofóbica, já que muitos deles não são denunciados. Os números não representam, por exemplo, os casos de homofobia contra pessoas que não assumem a sexualidade ou das que são assassinadas e as famílias não assumem que os mortos eram LGBT.
O estudante de geologia na UnB, Matheus Denezine, de 22 anos, diz que já foi vítima de homofobia quando saía da universidade e andava em direção à avenida L2 Norte, região central de Brasília. Ele relata que estava vestindo uma camiseta de arco-íris e ao atravessar a avenida L3, foi agredido verbalmente por um motorista.
— Quando eu ia atravessar, ele acelerou em minha direção e, quando passou por mim, gritou que “viados tinham que morrer”. Aí eu corri até perder o carro de vista.
Estudante transexual sofre com o conflito entre aparência e nome de registro
De acordo com o relatório da SDH/PR, no DF foram registrados 195 casos de violência psicológica. Também foram notificados 182 casos de discriminação e três de violência institucional.
— A homofobia se manifesta de várias formas e situações. Ela ocorre na escola, no trabalho e até mesmo em casa, explicou o professor José Zuchiwschi.
Segundo o acadêmico, é necessária uma estrutura estatal que efetive a investigação mais séria e aplique a punições aos agressores. Ele defende ainda uma lei mais rígida para tratar da homofobia.
—Você pode ter as denúncias, mas até que ponto elas são apuradas, punidas e levadas a cabo para proteger os indivíduos?
Homofobia na UnB
Em janeiro deste ano, estudantes da UnB encontraram uma pichação com mensagens homofóbicas na porta do CA (Centro Acadêmico) de Direito. Com tinta vermelha que se parece sangue, foram escritas mensagens agressivas como “Ñ aos gays” e “Quem gosta de dar, gostar de apanhar”.
No mês seguinte, uma estudante de agronomia da universidade foi espancada, vítima nde homofobia. Em depoimento à polícia, a jovem relatou que a agressão ocorreu no estacionamento por volta das 17h. Enquanto agredia a vítima, o homem a chamou de “lésbica nojenta”.
Após os dois casos de homofobia, o Decanato de Assuntos Comunitários da UnB criou a Diretoria de Diversidade para tratar exclusivamente das questões de gênero e etnia.
Acesse o PDF: Distrito Federal lidera ranking de denúncias de violência homofóbica (R7 Notícias – 02/11/2013)