(Valor Econômico) Mesmo assumindo que as mulheres chinesas estão hoje dispostas a ter dois filhos, duas entre cada dez mães teria que ter três rebentos cada uma, apenas para manter o nível populacional até a metade deste século. É o que mostra uma análise de dados da Organização das Nações Unidas (ONU).
A falta de meninas torna muito mais difícil para o país asiático manter sua população estável, segundo afirma Carl Haub, demógrafo do Population Reference Bureau de Washington. Ao longo das últimas décadas, a China produziu 80 bebês do sexo feminino para cada 100 do sexo masculino.
O crescimento populacional é uma preocupação para os planejadores econômicos da China porque a população economicamente ativa atingiu um pico em 2012, de modo que o país tem menos trabalhadores disponíveis para suportar um exército crescente de pessoas idosas.
O pico da população de trabalhadores ocorreu em um estágio anterior ao das economias vizinhas, reforçando a opinião de alguns observadores de que a China ficará velha antes de ficar rica .
Demógrafos calculam que, para impedir a queda das populações, cada mulher teria de gerar em média 2,06 bebês, ou uma média de uma filha cada.
Em todas as partes do mundo, os homens superam ligeiramente as mulheres em número no nascimento. No entanto, a probabilidade de eles morrerem na infância é maior.
Mas na China as mulheres teriam de gerar 2,2 filhos cada para manter o nível da população. Isso porque o desequilíbrio de gêneros no país é um dos mais altos do mundo, com 1,17 menino para cada menina, nível que segundo demógrafos poderá levar a convulsões sociais no futuro.
Até mesmo vizinhos da China como a Coreia do Sul e o Japão, que possuem taxas de fertilidade de 1,23 e 1,34 por mulher, não precisam de uma taxa de nascimento tão alta para manter seus níveis populacionais. Na verdade, números recentes do censo na China sugerem que as chinesas estão tendo menos filhos que o calculado pela Organização das Nações Unidas, cujas estatísticas mostram uma taxa de nascimento de 1,6 filho por mulher ao longo de sua vida reprodutiva. Mas o próprio censo chinês coloca essa taxa em 1,08 em 2010, quase a mais baixa do mundo.
A estimativa do número de nascimentos necessários para impedir a queda da população deriva do cálculo de reposição instantânea da Divisão de População da ONU, que considera não só a taxa de nascimentos, mas também a de mortes maternas.
Acesse o PDF: ONU prevê que país vai sofrer com falta de mulheres (Valor Econômico, 21/11/2013)