(G1/Blog do Camarotti) O encontro de hoje no Palácio do Planalto com o arcebispo do Rio de Janeiro e primeiro cardeal brasileiro do pontificado de Francisco, Dom Orani Tempesta, faz parte de uma estratégia da presidente Dilma Rousseff de se reaproximar da Igreja Católica. Durante o pontificado de Bento XVI, Dilma manteve distância da Igreja.
No núcleo palaciano, a avaliação é que seria um erro manter esse distanciamento da Igreja no maior país católico do mundo. Avaliação de interlocutores da presidente é que isso poderia criar dificuldades para Dilma durante a campanha pela reeleição.
Nos bastidores, a presidente nunca escondeu sua contrariedade com a posição de Bento XVI durante a campanha de 2010. Um vídeo, de 2007, em que Dilma aparecia defendendo a descriminalização do aborto, transformou-se num dos principais temas da campanha presidencial daquele ano. Na ocasião, o hoje Papa Emérito enviou mensagem com uma posição da Igreja contra o aborto aos bispos do Maranhão que o visitaram no Vaticano.
Já no ano passado, a cúpula da CNBB ficou surpresa com o silencio de Dilma depois que foi divulgada a renúncia de Bento XVI. O consenso na CNBB foi de que Dilma guardou mágoas da campanha de 2010.
A reaproximação de Dilma com a Igreja teve início logo depois da eleição do Papa Francisco. Ela foi a primeira governante a ter uma audiência oficial com o novo Papa. Em julho, esteve duas vezes no Rio de Janeiro para acompanhar de perto a Jornada Mundial da Juventude.
Dilma também tem manifestado sintonia com as posições sociais do Papa Francisco. E recentemente, quando o Papa anunciou que Dom Orani seria criado cardeal, a presidente gravou e escreveu mensagens parabenizando o arcebispo do Rio. A expectativa entre os coordenadores da campanha de Dilma é que, na eleição deste ano, haja uma ênfase maior nos debates de temas sociais ao invés de temas com conteúdo moral, como aconteceu em 2010.
Acesse o PDF: Dilma faz gesto de reaproximação com a Igreja Católica (G1/Blog do Camarotti – 22/01/2014)