23/01/2014 – Questão racial em alta em Hollywood, por Ana Alakija

23 de janeiro, 2014

(Portal Geledés) Steve McQueen ( “12 anos de escravidão” ) e Alfonso Cuarón ( ” Gravidade” ) estão entre os cineastas homenageados com indicações ao Oscar de melhor diretor na última quinta-feira . Os diretores afro-americano e mexicano estão juntos na mesma categoria com os norte-americanos de ascendência russa-italia-americana David O. Russell ( “American Hustle” ) , o ascendente grego Alexander Payne ( ” Nebraska ” ) e o “profano” Martin Scorsese ( ” O Lobo de Wall Street “), diretor do polémico “A última tentação de Cristo” e de fama de “injustiçado” pela Academia de Artes Cinamatográficas, embora tenha recebido o Oscar em 2007 com “Os infiltrados”.

Cuarón , que dirigiu “Gravidade “, ganhou o prêmio de Melhor Diretor deste ano no Globo de Ouro . Ele também é indicado para o troféu no Directors Guild e BAFTA Awards. Esta é a sua primeira indicação ao Oscar de Melhor Diretor e quarta indicação geral.

McQueen também é um candidato pela primeira vez. Seu terceiro longa , o aclamado “12 anos de escravidão “, também foi escolhido por indicação de Melhor Filme. Tal como acontece com Cuarón , McQueen já tinha merecido reconhecimento na categoria de Melhor no Globo de Ouro, Directors Guild e Prémios BAFTA Diretor .

Esta é a terceira vez em que um cineasta negro concorre na categoria (antes vieram John Singleton, por “Os donos da rua”, e Lee Daniels, por “Preciosa – Uma história de esperança”).

Com esse leque étnico e de valores não habitual de indicados à categoria de melhor diretor, incluindo Steve McQueen , Hollywood mostra uma nova cara antenada para um outro olhar.

Embora Russel e Payne colecionem prêmios e indicações anteriores ao Oscar, eles fogem à caricatura hollywoodiana, o primeiro rotulado como ateísta e produtor-diretor de filmes de gueto e o segundo com filmes de humor satíricos.

A questão racial no Oscar 2014 ficou evidente pelas ausências mais comentadas nos sites especializados, após a lista ser divulgada, que deixou de fora veteranos e consagrados como Tom Hanks e o diretor Paul Greengrass (“Capitão Phillips”), Emma Thompson (“Walt nos Bastidores de Mary Poppins”) e Robert Redford (“Até o fim”), que estavam cotados, mas não foram indicados, assim como os filmes “Rush” , “Universidade Monstros”, “Blue Jasmine” também cotados mas sem nenhuma indicação.

Os inúmeros artigos publicados ano passado na imprensa – e não somente norte-americana – por conta da invisibilidade dos afro-americanos em “Lincoln”, podem ter contribuído para iniciar uma onda de sensibilização em Hollywood para a diversidade, cuja cerimônia não premiou não entregou a estatueta a seu diretor, Steven Spielberg, embora o filme fosse o mais cotado como vencedor.

Os artigos apontavam a ausência principalmente da figura de Frederick Douglass no filme e que, poucos norte-americanos sabem, gozava da intimidade do presidente Lincoln. Douglass pousa ao lado de Martin Luther King Jr. na galeria dos filhos da África que lutaram na América, o primeiro pela liberdade e o segundo pelos direitos civis.

A indicação de McQueen roubou a cena dos galãs Brad Pitt que atua no filme de McQueen e de Leonardo DiCaprio (“The Wolf of Wall Street”) indicado como melhor ator. O filme de McQueen contribuiu também para a indicação de seu elenco, Chiwetel Ejiofor (melhor ator). Outro ator negro indicado ao prêmio do Oscar é Barkhad Abdi (“Captain Phillips”), como ator coadjuvante.

“12 Anos A Slave” e “American Hustle”, uma semana antes, levou as categorias de todos os filmes na cerimónia Globo de Ouro, com sete indicações cada, incluindo os prêmios de melhor imagem, respectivamente, drama e as categorias comédia ou musical.

Os prêmios conquistados por McQueen e a sua indicação ao Oscar deste ano, pode ser considerada, um belo presente de aniversário post-mortem a MLKing Jr. que teria completado 85 anos no último dia 15, se estivesse vivo.

A cerimônia do Oscar acontecerá no dia 2 de março quando serão conhecidos os ganhadores das estatuetas folheadas a ouro mais cobiçadas do mundo.

Acesso o PDF: Questão racial em alta em Hollywood – Por Ana Alakija (Portal Geledés – 23/01/2014)   

 

 

 

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