Segundo apurou a repórter Larissa Guimarães, da sucursal da Folha em Brasília, a manifestação antiaborto foi financiada com dinheiro público. A 3ª Marcha Nacional da Cidadania Pela Vida recebeu R$ 143 mil do Fundo Nacional da Cultura, um fundo público do Ministério da Cultura para financiar projetos e ações culturais.
Procurada pela reportagem, Beatriz Galli, assessora de direitos humanos do Ipas, ONG que defende os direitos reprodutivos da mulher, criticou o uso de verba pública para financiar um evento que tem fins religiosos, lembrando que o Brasil é um país laico.
De acordo com o Ministério da Cultura, o projeto que garantiu recursos para a marcha não mencionava o termo aborto.
A reportagem informa que o projeto Cultura, Cidadania e Vida, que garantiu os recursos para a marcha, foi apresentado pela ONG Estação da Luz (CE) e beneficiado por emenda parlamentar do deputado espírita Luiz Bassuma (PT-BA), que preside a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto. Um dos articuladores da marcha é o Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida – Brasil sem Aborto e a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é uma das entidades que divulga o evento.
Embora o padre Luiz Antônio Bento declare que a marcha irá focar na “beleza da vida e não só na questão do aborto”, uma das questões que estarão em evidência será o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de gestantes com fetos anencéfalos poderem interromper a gravidez.
Acesse a matéria em pdf (Folha de São Paulo – 26/08/09).
Indicação de fontes:
Margareth Arilha
Comissão de Cidadania e Reprodução
Tel.:
Sobre: direitos reprodutivos
Maria José Rosado Nunes – socióloga
PUC-SP e Católicas pelo Direito de Decidir – Brasil
Tel.:
Sobre: aspectos filosófico, moral e religioso; pensamento católico
Roseli Fischmann – educadora
Faculdade de Educação da USP
Tels.:
Sobre: Estado laico; ensino religioso
Télia Negrão – Secretária Executiva da Rede Feminista de Saúde
Sobre: direitos sexuais e direitos reprodutivos