(O Estado de S.Paulo, 04/04/2014) Brendan Eich havia apoiado uma campanha contra o casamento gay na Califórnia em 2008
Após duas semanas no cargo, Brendan Eich renunciou ao seu posto como diretor-executivo da Mozilla, empresa que ajudou a criar. Desde que foi escolhido para o posto, no último dia, 24, Eich tem sido criticado por ter apoiado com US$ 1 mil uma campanha contra o casamento gay na California, em 2008. Metade do conselho da Mozilla abandonou a empresa em protesto e funcionários começaram uma campanha pela internet contra o novo CEO.
A campanha ajudada por Eich apoiava a aprovação da Proposition 8, o que de fato aconteceu, mas a lei foi considerada inconstitucional alguns anos depois. Segundo o Wall Street Journal, os antigos CEOs John Lilly (2008–2010) e Gary Kovacs (2010-2013), além da diretora da startup Shmoop, Ellen Siminoff, deixaram seus cargos no conselho. Permaneceram a cofundadora Mitchell Baker, Reid Hoffman (cofundador do LinkedIn) e a diretora do site do jornal alemão Spiegel, Katharina Borchert.
No início desta semana, o site de relacionamentos OkCupid publicou em sua página uma carta contra Brendan Eich e convocando sua comunidade de usuários a boicotarem o navegador Firefox, da Mozilla. Após a notícia da renúncia, o OkCupid publicou nota dizendo que estavam “satisfeitos” com a postura da Mozilla e contentes que o boicote tenha gerado “tanta conscietização”.
A presidente do conselho da Mozilla publicou uma nota em seu blog sobre a renúncia de Eich: “A Mozilla se orgulha de sustentar um padrão diferente na web e, nesta semana passada, não fizemos jus a isto. Sabemos que as pessoas estão feridas e bravas, e elas estão certas: é porque não fomos fieis a nós mesmos. Não agimos como vocês esperavam que a Mozilla agisse. Não nos posicionamos rápido o suficiente sobre as pessoas que começaram essa controvérsia. Pedimos desculpas. Precisamos fazer melhor”, disse antes de fazer o anúncio.
“Brendan Eich optou por se demitir do seu cargo como CEO. Ele tomou essa decisão pela Mozilla e por nossa comunidade”, disse. “O que faremos quanto a liderança da Mozilla ainda será discutido. Queremos ser abertos sobre o que estivermos decidindo sobre o futuro da organização e vamos informá-los melhor na próxima semana.”
Na semana passada, Eich disse em seu blog pessoal, que lamentava o ocorrido, e prometia tratar todos de forma igual, trabalhando inclusive ouvindo a comunidade LGBT e pediu desculpas “por ter machucado” algumas pessoas. O posicionamento do ex-diretor não foi o suficiente para conter as reclamações e os pedidos de renúncia vindo de dezenas de funcionários, de diferentes áreas da fundação.
Acesse o PDF: CEO da Mozilla renuncia após pressão de funcionários (O Estado de S.Paulo, 04/04/2014)