A campanha de prevenção à Aids preparada pelo Ministério da Saúde para este Carnaval e que será lançada em 6 de fevereiro é voltada para mulheres jovens e também para jovens homossexuais.
Conforme nota veiculada pela Folha de S.Paulo, a atriz Luana Piovani dubla uma camisinha em um dos três filmes promocionais da campanha. Neles, um preservativo falante (em animação 3-D) pede aos jovens para não ser “esquecido”.
Segundo o último Boletim Epidemiológico divulgado em novembro pelo Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde, foram registrados mais casos entre garotas de 13 a 19 anos do que em relação aos meninos nesta faixa etária desde 1998. Atualmente, a cada 8 casos notificados de meninos infectados existem 10 casos de meninas.
Segundo o diretor-adjunto do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Eduardo Barbosa, a maioria dos jovens usa o preservativo na primeira relação sexual, mas quando o relacionamento fica estável, a proteção é deixada de lado. “Na medida que vão tendo confiança no companheiro abandonam o preservativo”, declarou Barbosa em entrevista à Agência Brasil.
A campanha será veiculada nas emissoras de TV e rádio e vai orientar os jovens sobre as formas de contágio do vírus HIV e os cuidados para a prevenção. Está prevista também distribuição de preservativos nos sambódromos e blocos de ruanos diversos estados brasileiros. Eduardo Barbosa informou que o Ministério da Saúde encomendou 1,2 bilhão de preservativos para suas ações nos próximos dois anos.
Programa Saúde e Prevenção nas Escolas
Dentre essas ações está prevista a implementação de um programa voltado o segmento entre 13 a 24 anos, a ser desenvolvido nas escolas. Os estudantes receberão orientações sobre o contágio, sintomas, prevenção, tratamento e como viver com o vírus HIV. Eduardo Barbosa informou que 50.214 escolas públicas e particulares já integram o programa. Em 10 mil delas, os alunos poderão pegar o preservativo no próprio colégio; a decisão de distribuir ou não é tomada pela comunidade escolar.
A representante em São Paulo da Rede Nacional de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/Aids, Micaela Cyrino, diz que poucas escolas da capital paulista aderiram ao programa. Para ela, as principais razões são as diferenças sociais na metrópole e o preconceito da sociedade em falar de sexo com adolescentes. “As pessoas encaram como incentivo ao sexo e não como prevenção”, diz ela.
De acordo com pesquisas de comportamento sexual do Ministério da Saúde, pessoas entre 15 e 24 anos têm mais parceiros eventuais do que indivíduos de outras faixas etárias. Dados do Ministério indicam que 87% dos homens de 16 a 19 anos usam camisinha nas relações sexuais eventuais, mas só 42% das mulheres usam o preservativo quando têm esse tipo de relação.
Segundo a diretora do Departamento de DST/Aids e Hepatites Virais, Mariangela Simão, entre os homossexuais o problema também é grave. No segmento entre 13 a 24 anos, o número de casos de Aids subiu de 29% para 43,2%, de 1997 a 2007. “Não é fácil mudar comportamento”, reconhece a diretora. No caso dos jovens homossexuais, ela atribui o aumento ao fato de eles não terem vivido a primeira fase da epidemia, quando a discriminação era ainda maior e os tratamentos, menos eficientes.
Indicação de fontes:
Alexandre Grangeiro – médico e pesquisador
Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da USP
São Paulo/SP
Fala sobre: políticas de Aids; segmentos vulneráveis
Regina Barbosa – médica e pesquisadora
Núcleo de Estudos de População da Unicamp
São Paulo/SP
Fala sobre: saúde coletiva; políticas de Aids; prevenção, controle, diagnóstico e tratamento da Aids entre mulheres
Mafoane Odara Poli Santos – psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP
Fala sobre: juventude e sexualidade
Vera Paiva – psicóloga e pesquisadora do Nepaids
Núcleo de Estudos para a Prevenção da Aids (Nepaids) do Instituto de Psicologia da USP
São Paulo/SP
Fala sobre: sexualidade; prevenção; atenção psicossocial
