Seminário da Seppir discute mídia pública como reflexo da diversidade brasileira

30 de maio, 2014

(SEPPIR-PR, 30/05/2014) Na manhã desta sexta-feira, 30, a Roda de Conversa 2, do Seminário Diálogos: Democracia e Comunicação sem Racismo, por um Brasil Afirmativo, realizado desde ontem, 29, pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR), em Brasília, discutiu o tema “Comunicação pública, patrocínio e publicidade de governo”.

A conversa contou com a participação de Juliana Cezar Nunes, da Empresa Brasil de Comunicação e membro da Comissão de Jornalistas pela Igualdade Racial do Distrito Federal (Cojira-DF) e de Marcos Pedrini, diretor do Departamento de Patrocínio, da Secretaria de Comunicação Social do Governo Federal (Secom). A mediação foi feita por Cecília Bizerra Sousa, analista técnica de Políticas Sociais da SEPPIR. Os convidados que falariam sobre publicidade não puderam comparecer ao evento.

Ambos procuraram esclarecer como as empresas em que atuam têm procurado inserir a questão do combate ao racismo e da promoção da igualdade racial e como os participantes do encontro, na maioria, comunicadores, podem acessar as instâncias para apresentar projetos e aumentar o nível de participação de suas ações nas empresas públicas.

Juliana Nunes fez uma retrospectiva de como a Empresa Brasil de Comunicação, composta por canais de tevê e de rádio, além de agência, vem atuando desde a sua criação, em 2008, para abordar a questão racial na perspectiva de espelhar, em sua grade, a diversidade brasileira e de refletir os anseios da população, passando de uma agenda mais governamental, para pautas mais amplas.

Ela destacou um estudo realizado por Joel Zito, Cineasta, pesquisador, escritor e roteirista que, apontou, na antiga Radiobras um quadro que chamava a atenção para o fato de haver, nas três emissoras pesquisadas, 8% de apresentadores e 5% de jornalistas negros, além de apenas 4% da programação estar voltada para programas sobre a cultura negra. “Está nos nossos planos fazer um censo para atualizar essas informações e ver o que mudou de lá para cá”.

Segundo ela, a EBC nasceu com o desafio de mudar a forma como as empresas públicas refletem a população negra e já conseguiu imprimir algumas mudanças, desde parcerias com a SEPPIR, grade de programação mais ampla, editais voltados para a temática negra, até questões políticas, como a eleição de maior número de representantes da população negra no Conselho Curador da empresa.

A observância da legislação, de tratados internacionais, a formação dos profissionais, a Lei de Criação da empresa e o manual de jornalismo criado para subsidiar o trabalho de seus profissionais também são instrumentos que norteiam o tratamento dado à empresa à questão racial e no combate ao racismo, segundo Juliana. Ela comemorou o fato de os próprios funcionários terem solicitado que a empresa aderisse ao Programa Pró-Equidade de Gênero, e Raça, desenvolvido pela SEPPIR, em parceria com a Secretária de Políticas para as Mulheres (SPM).

“São espaços a serem ocupados e vamos avançar para ocupar grade e pensar em outras formas de incentivo além dos editais. É uma comunicação financiada por nossos recursos e que precisa atender aos nossos anseios. A mídia pública tem a responsabilidade de acolher e ir ao encontro do movimento social negro e dos produtores negros independentes”, afirmou.

SECOM – Marcus Pedrini explicou o funcionamento do Comitê de Patrocínio da SECOM e destacou a SEPPIR como um dos seus integrantes mais atuantes. De acordo com ele, muitos proponentes não têm clareza sobre o que diferencia o patrocínio da publicidade, ação também realizada pela Secretaria.

“Publicidade é uma ação própria de comunicação de um órgão para transmitir mensagens por meio de veículos de comunicação social, por meio da criação, produção e veiculação de peças publicitárias. Já o patrocínio, que tem enquadramento legal diferenciado, traz ganho de imagem ao associar a marca das empresas estatais a uma ação realizada”.

“Estamos em vias de lançar um sistema de gerenciamento, em que exigiremos a autodeclaração do proponente e vamos aperfeiçoar a norma que rege a instância para que o comitê possa propiciar uma interação ainda maior entre as partes interessadas, incluindo pontos relevantes do ponto de vista da igualdade racial”, disse.

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