A Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay, denunciou que cinco mil crimes contra as mulheres são cometidos a cada ano no mundo, justificados sob o arcabouço jurídico de “legítima defesa da honra”.
“Em nome da defesa da honra da família, mulheres e meninas são mortas a tiros, apedrejadas, queimadas, enterradas vivas, estranguladas, asfixiadas e apunhaladas até a morte, num ritmo assustador”, declarou em comunicado emitido por ocasião das comemorações no âmbito do 8 de Março – Dia Internacional da Mulher.
A alta comissária lembrou que “a maior parte desses 5.000 crimes registrados a cada ano no mundo não aparecem nos jornais, assim como as inumeráveis violências infligidas às mulheres e às meninas por seus maridos, pais, irmãos, tios ou outros homens – às vezes, até, por outras mulheres – membros da família”.
Entre as justificativas dadas por esses crimes estão a violação das normas familiares ou comunitárias acerca do comportamento sexual, a recusa a um casamento forçado, pedidos de divórcio ou reclamações sobre herança, explicou Navi Pillay, que declarou, indignada, que em alguns países, os criminosos chegam a ser tratados com admiração.
“Estima-se que uma mulher em cada grupo de três no mundo é agredida, violentada ou vítima de outras espécies de abusos durante sua vida. E esses atos são cometidos, na maioria das vezes, na família”, destacou a alta comissária.
Embora “o principal motivo alegado pelas mulheres (vítimas) para explicar por que não renunciam a uma relação violenta seja a falta de autonomia financeira (…), a violência doméstica também está em alta em países onde as mulheres atingiram um alto grau de independência econômica”, segundo Pillay.
Em mensagem sobre o Dia Internacional da Mulher, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, fez um apelo pelos direitos das mulheres de todo o mundo.
Desde 1º de março, a ONU realiza a 54ª sessão de sua comissão sobre a situação da mulher. Durante toda a semana está sendo analisado o cumprimento dos compromissos assumidos mundialmente sobre igualdade de gênero.
Acesse a íntegra dessa notícia: AFP – 04/03/2010