(Folha de S.Paulo, 04/07/2014) Após três dias de júri, três skinheads de vertente neonazista foram condenados à prisão, na noite desta quinta (3), por tentarem matar quatro homens em 2011. Cabe recurso.
Eles haviam respondido ao processo em liberdade e saíram presos do fórum da Barra Funda (zona oeste de SP).
O crime ocorreu durante ato contra a homofobia e o racismo realizado pelo Movimento Anarcopunk de São Paulo, no centro. As vítimas –entre elas, um deficiente físico– foram feridas com tacos e facas.
Segundo o Tribunal de Justiça, Jorge Gabriel Gonzalez, 23, foi condenado a 16 anos e sete meses de prisão. Milton do Nascimento Junior, 23, foi sentenciado a 18 anos e sete meses. E Rogério Moreira, 26, a 21 anos e cinco meses.
As penas incluem tentativas de homicídio, lesões corporais e formação de quadrilha armada. Os três réus foram absolvidos do crime de corrupção de menor.
À época, um adolescente de 17 anos, que também fazia parte do grupo, foi internado na Fundação Casa, onde permaneceu por um ano.
De acordo com o tribunal, Raphael Luiz Dierings, outro acusado, morreu quatro meses antes de ser julgado.
‘ATEMORIZADAS’
“As vítimas estão vivas e atemorizadas, razão pela qual se mostra inadequado manter os acusados em liberdade. Trata-se ainda de crime de ódio que justifica ainda mais a segregação cautelar dos acusados”, afirmou na sentença o juiz Fernando Oliveira Camargo.
As vítimas são Márcio Silva de Oliveira, Silvio Rodrigues Moreira, Isaías Lazaro Lopes e Danilo Vilela Macedo –as idades não foram informadas.
O ato do qual participavam era uma homenagem ao adestrador de cães Edson Neris da Silva, homossexual espancado até a morte há 14 anos na praça da República, centro.
Oliveira, negro e deficiente físico, declarou que o grupo o agrediu com tacos e tentou arrancar a prótese que usa na perna. Lopes afirmou que, ao se esquivar de uma facada no pescoço, acabou ferido na testa e teve o crânio perfurado. Macedo foi atingido por uma faca no braço. Moreira levou uma facada no abdome.
Ao prender o grupo em flagrante, a Polícia Militar apreendeu canivetes, facas, soco inglês e uma espingarda de chumbinho.
Segundo o TJ, a defesa afirmou que os réus não atacaram as vítimas e que foram perseguidos por elas quando passavam pela região. As facadas ocorreram em legitima defesa, segundo eles, depois que se viram encurralados.
De acordo com o Ministério Público, o grupo foi identificado como skinheads de vertente neonazista pelos objetos que portavam, como símbolos nazistas, e por perfis em redes sociais. Essa ramificação prega o antissemitismo e a xenofobia.
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