(Revista Fórum, 02/08/2014) Na última sexta-feira (1º), a Folha de S. Paulo publicou um vídeo expondo sua opinião sobre o sistema de cotas raciais no Brasil. Intitulado “Sistema de Cotas: o que a Folha pensa”, a peça declara posicionamento contrário à medida usando a modelo Carol Prazeres como interlocutora.
Para Marjorie Chaves, mestra em Estudos Feministas e de Gênero pela Universidade de Brasília (UnB) e doutoranda em Política Social pela mesma instituição, o vídeo foi bem estudado e não possui propósitos democráticos. “Mesmo com o argumento de que publica opiniões contrárias, [a Folha] privilegia as opiniões contra a toda e qualquer política de promoção da igualdade racial. Além disso, não colocou uma mulher negra na campanha à toa, podia ser um homem negro. Mas nós fazemos parte do contingente que mais ingressou em universidades públicas nos últimos anos, a Folha sabe disso. A ideia é a de que recuemos em nossas conquistas. É uma campanha cínica, inescrupulosa”.
Para outras ativistas, a publicação pode ter um lado positivo. “Confesso que não acho ruim a Folha se manifestar contrária às cotas, mesmo tendo o STF entendido que as cotas são legais”, pondera Juliana Coutinho, militante negra dos movimentos negro e feminista. “Enquanto editorial, que seja respeitado o direito de liberdade de expressão. E para a sociedade, especialmente para a militância negra, a vantagem, sinceramente, é o jogo limpo. O pequenino jornal mostra a que veio, jogando fora a máscara de imparcialidade hipócrita usada pra vender periódicos com a etiqueta de grife ‘somos imparciais’”, finaliza.
O vídeo contrário às cotas raciais faz parte de uma série que pretende expor o posicionamento do jornal sobre “temas polêmicos” e já falou a respeito de questões como aborto, drogas e voto obrigatório.
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