(Folha de S.Paulo) “Discurso dos três principais candidatos à Presidência evita tratar de diversas questões polêmicas, por pura conveniência eleitoral”, opina o jornal em editorial.
O texto foi publicado no dia seguinte à reportagem Tabu eleitoral, em que o jornal informa que há mais de um mês vem tentando sem êxito obter dos três principais candidatos à Presidência resposta a um questionário contendo perguntas sobre temas como “vagas para afrodescendentes nas universidades, adoção de crianças por casais homossexuais, distribuição de camisinhas nas escolas, aborto e ampliação da licença-paternidade. Segundo a reportagem, os presidenciáveis responderam, por meio de suas assessorias, que lhes faltava tempo para responder.
“Não se espera, por certo, que candidatos tenham resposta pronta para toda e qualquer questão. Mas tudo faz crer que o silêncio dos candidatos se deve menos a algum tipo de indecisão de ordem pessoal, e mais a uma arraigada cultura da intransparência e do subterfúgio, especialmente notável na política brasileira”, diz o editorial.
“Pode-se argumentar que, no estágio atual de desenvolvimento do país, questões mais urgentes estão na pauta. A tese não se sustenta, por vários motivos. As mortes de mulheres em casos de aborto desassistido, por exemplo, configuram uma tragédia de grandes proporções -e não há eufemismo que exima os candidatos de considerá-la em suas implicações substantivas.”
“É que, em última análise, os candidatos parecem até agora seguir mais a estratégia dos marqueteiros, e as milimétricas variações de sua popularidade nas pesquisas, do que apresentar-se como líderes reais -isto é, capazes de assumir, para o bem ou para o mal, os riscos da clareza e do compromisso público com uma visão própria quanto ao futuro do país.”
Leia o editorial na íntegra: Tabus de campanha, editorial (Folha de S.Paulo- 29/05/2010)