(Diário da Manhã, 22/08/2014) Divulgado em julho deste ano, o relatório da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Iasps) no qual revelou que o Brasil é o atual campeão mundial na realização de cirurgias plásticas íntimas, ultrapassando os Estados Unidos. Entre os principais procedimentos avaliados em 2013, o país sul-americano é campeão em dez tipos, entre eles, algumas cirurgias íntimas femininas.
O cirurgião plástico, Nelson Fernandes de Moraes, afirma que o Brasil conquistou esse título devido a diversos itens, entre eles o fator financeiro do País e a competência dos médicos brasileiros. “O Brasil tornou-se o país com o maior número de cirurgias plásticas no mundo por alguns motivos, entre eles, o grande destaque é o alto nível de qualidade e competência do especialista em Cirurgia Plástica. Porém, o nível socioeconômico do País também colabora para que esta estatística cresça”, diz.
Questionado sobre o grande número de cirurgias íntimas realizadas no País, o cirurgião cita como razão desse aumento, a mudança na vida sexual da mulher brasileira. “A vida da mulher mudou nos últimos anos e é claro que o comportamento sexual também. Hoje podemos dizer que as mulheres têm uma fase sexual ativa muito maior do que outrora. Obviamente que a cobrança por uma genitália com uma melhor aparência ocorre de uma forma muito maior também.”
Cirurgias
O relatório revela que o Brasil é campeão na realização de algumas cirurgias como rejuvenescimento vaginal. “O rejuvenescimento genital pode ocorrer em diversas partes, destacando para a lipoaspiração da vulva, assim como o seu lifting dessa região e também a lipoenxertia que podem ser utilizados de acordo com a alteração existente”, afirma Nelson.
O cirurgião plástico também cita outro procedimento que é comum. “A ninfoplastia é uma cirurgia muito realizada, que é a diminuição dos pequenos lábios quando há excesso, dando uma aparência estética melhor e um conforto maior durante a relação”, afirma.
Homens x mulheres
A preocupação da mulher com beleza e estética é comprovada através do relatório da Iasps. Os dados mostram que ano passado 23 milhões de cirurgias plásticas foram realizadas no mundo, sendo que deste total as mulheres representam 87,2 % (20 milhões de pessoas) e os homens são 12,8 % (três milhões).
“Existe uma cobrança muito maior da sociedade sobre a beleza feminina do que a beleza masculina. Naturalmente, há mais pacientes mulheres interessadas na cirurgia plástica e também o preconceito do homem em realizar algumas cirurgias existe sim, e no interior ainda é maior do que no eixo Rio-São Paulo. Porém o público masculino deveria saber que os resultados de lipoaspiração são melhores neles do que na mulher de uma maneira geral”, diz o cirurgião plástico informando que a pele dos homens têm mais elasticidade.
Nelson Fernandes concede algumas recomendações a quem deseja realizar esse tipo de cirurgia. “A recomendação é que procure um especialista membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e discuta detalhes com o seu cirurgião para não deixar dúvidas sobre as mudanças que podem ou devem ocorrer”, conclui.
Razões
O ginecologista Célio Silva, explica que as mulheres realizam as cirurgias íntimas devido a razões de bem-estar pessoal e de saúde. “Em primeiro lugar, é a tentativa de equilíbrio do bem-estar físico, mental e social. As causas são alterações na anatomia externa da genitália feminina, que podem ser congênita (herança familiar) ou devido algum trauma”, diz.
Conforme o médico, a alteração anatômica mais comum é a hipertrofia de pequenos lábios. “Se assemelha a hipertrofia do prepúcio do homem. Normalmente, o crescimento provoca transtorno físico que abala o emocional, e por sua vez, traz constrangimento”, afirma.
Célio comenta sobre uma das intervenções mais comuns realizadas pelos profissionais, o rejuvenescimento vaginal. “Ela é uma vagina alterada na sua anatomia. Tem como causas a idade, alterações hormonais da menopausa ou traumas, como parto, acidente ou estupro”, explica.
O médico explana que as pessoas que têm múltiplos partos podem ter algum trauma, e a correção dele requer uma cirurgia. “A colpoperinoplastia, que corrige as alterações da anatomia”, diz. De acordo o profissional, estas cirurgias são denominadas “cirurgias reparadoras” e há também a cirurgia da ninfoplastia, que “corrige a hipertrofia dos pequenos lábios”.
Questionado se em Goiânia também ocorre um grande número de cirurgias íntimas, ele é direto. “Poderia ser até maior, se tivesse esclarecimentos. Se as pessoas tivessem mais como expor, visualizar”, afirma. Ele explica que “as mulheres só conhecem a sua própria vagina e só procuram o ginecologista quando percebem algo anormal”, e comenta sobre o resultado das pessoas que fizeram as cirurgias: “Eleva a autoestima das pessoas com o novo resultado”, conclui.
Depoimento de uma paciente
T.F.A. passou pelo procedimento da ninfoplastia e concedeu depoimento ao Diário da Manhã:
“Fiz a ninfoplastia aos 14 anos de idade não somente por estética. Tomei a decisão de fazê-la devido a dor e os incômodos causados em atividades básicas como a prática de alguns esportes e na utilização de alguns tipos de vestuário, o biquíni principalmente e roupas de ginástica. É um procedimento cirúrgico simples, a alta médica é dada no mesmo dia, o pós-operatório é tranquilo e a recuperação total é rápida. Fui feliz na minha decisão, minha satisfação foi completa, eu recomendo porque eleva o bem-estar e a autoestima também.” T.F.A., 28 anos, casada.
Saulo Humberto
Acesse o PDF: Pesquisa revela que Brasil é campeão de cirurgias e procedimentos estéticos íntimos femininos (Diário da Manhã, 22/08/2014)