(Poder Online/IG, 18/09/2014) Foi criado nesta semana um comitê para combater a discriminação de gênero e raça no Ministério das Relações Exteriores. O grupo foi criado a partir da mobilização de um grupo de mais de 200 mulheres, que há alguns meses entregaram uma carta com reivindicações ao ministro Luiz Alberto Figueiredo Machado. Entre as demandas estavam a criação de um comitê temático e uma sala de amamentação, também instalada nesta semana.
“O que eu acho mais histórico é que pela primeira vez as mulheres trocaram experiências entre si e se apoderaram dessa identidade feminina. Antes as mulheres queriam ser vistas como assexuadas, pois estavam em um ambiente eminentemente masculino e admitir certas questões tipicamente femininas poderia levar a um preconceito na carreira”, explica a diplomata e coordenadora do comitê, Sônia Gômes.
De acordo com Sônia, mais da metade das diplomatas têm participado da mobilização – inclusive do exterior. Uma das principais resistências, no entanto, ainda é com as profissionais mais antigas. “Existe uma cultura muito disfarçada de que a competência é ficar até tarde no trabalho e de que a maternidade pode se tornar incompatível com certas tarefas. Algumas diplomatas entraram em pânico, dizendo que ia parecer que nós não queríamos trabalhar. Mas a geração mais jovem está dizendo o contrário, que não quer só uma coisa ou outra. Quer poder escolher casar, ter filhos e trabalhar.”
O grupo se reunirá pela primeira vez na próxima quarta-feira e um dos desafios já apontados por Sônia está no mapeamento racial dos funcionários do Itamaraty, que até hoje não foi realizado. Para isso, o grupo trabalhará em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres e com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
Mel Bleil Gallo
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