(Radioagência Nacional, 29/09/2014) Em memória a Jandira Magdalena dos Santos e Elizângela Barbosa, que morreram no último mês de agosto, após fazerem abortos em clinicas clandestinas, em Campo Grande e Niterói respectivamente, mulheres em movimento aproveitaram o fim de semana para comemorar no Rio e em Sâo Paulo uma importante data do calendário pela igualdade de gênero: o Dia pela Descriminalização do Aborto na América Latina e Caribe. Uma data que nasceu em 1990 durante a realização do V Encontro Feminista Latino-americano e do Caribe.
O 28 de setembro tem suas raízes históricas na Lei do Ventre Livre assinada pela Princesa Isabel em 1871. Viva a lei do ventre livre que considerava livres todos os filhos de mulheres escravizadas nascidos a partir de 28 de setembro de 1871. Viva a liberdade das mulheres negras, brancas, amarelas, pardas, enfim, viva a liberdade de todas nós de decidirmos nossas vidas. Não por acaso o 28 de setembro transformou-se num marco na luta pela descriminalização do aborto, já que simbolicamente a lei do ventre livre evoca essa nossa autodeterminação sobre nossos corpos.
A pesquisadora e ativista Ana Luiza Flauzina – graduada em Direito e História, com especialização em criminologia, mestrado em Direito pela Universidade de Brasília e doutorado em Direito pela American University (EUA) – em recente artigo publicado no jornal Correio Braziliense escreveu sobre a dimensão racial dos ventres livres. E esse é também o tema da nossa conversa agora. Ana Luiza fala sobre o histórico de violência e repressão aos corpos das mulheres negras, antes e depois da abolição da escratura. Para ela, o racismo e o patriarcado seguem juntos na promoção de um verdadeiro feminicídio. Confira a entrevista!
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