(Folha.com) A presidente argentina, Cristina Kirchner, promulgou a lei que permite o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Com isso, a Argentina torna-se oficialmente o primeiro país da América Latina a autorizar esse tipo de casamento.
“Hoje somos uma sociedade mais igualitária que na semana passada”, declarou a presidente Kirchner em evento com representantes da comunidade homossexual. “Essas questões têm a ver com a condição humana, com a aspiração à igualdade. São coisas que não podem nos dividir, mas sim nos unir”, disse Kirchner, em referência à forte polêmica que o projeto gerou entre membros da Igreja Católica.
“Não promulgamos uma lei, mas sim uma construção social, transversal, diversa, plural, ampla, que não pertence a ninguém, apenas à sociedade”, disse a presidente.
O fracasso da Igreja Católica em impedir a aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Argentina, país de maioria católica, mostra que o clero está perdendo sua influência. A Igreja se opunha ao projeto, qualificando a família homossexual de “perversa”.
“Evidentemente a Igreja tem perdido presença e influência a respeito de decisões políticas, o que é parte do processo de secularização”, analisa Ana María Bidegain, professora de estudos religiosos na Universidade Internacional da Flórida. “As pessoas ainda são católicas e ainda acreditam nos fundamentos… mas não concordam mais com o que diz (a Igreja) a respeito da moralidade”, afirmou a especialista.
Para o deputado argentino Ricardo Cuccovillo, do Partido Socialista, o clero ainda tem forte influência sobre alguns parlamentares que “não entendem que a Igreja tem um papel apenas no campo da fé, e que os deputados têm um papel a desempenhar no campo da democracia”.
Acesse essas matérias em pdf:
Cristina Kirchner promulga lei que permite casamento gay na Argentina (Folha.com – 21/07/2010)
Casamento gay na Argentina expõe perda de influência da Igreja no continente (Folha.com – 21/07/2010)
Leia também: 25/07/2010 – Iguais perante a lei, por Flavio Rapisardi (Estadão)