(Observatório da Imprensa) A jornalista Ligia Martins de Almeida comenta o espaço de “três páginas de entrevista – com direito a foto em dupla central” que a revista Veja cedeu ao ex-ator Guilherme de Pádua, assassino confesso da atriz Daniella Perez, morta em 1992, para que ele manifestasse seu arrependimento e declarasse que seu sonho é ser perdoado pela mãe da vítima, a autora de novelas Glória Perez.
“A pergunta que os leitores devem estar se fazendo é se um assassino confesso, condenado a 19 anos de prisão, dos quais só cumpriu sete, serve de exemplo para alguém só porque se converteu a uma religião. (…) Se o repórter fosse um pouco mais atento, teria pegado o arrependido pregador pela palavra, quando ele diz: ‘Se o assassinato tivesse sido premeditado, teria sido mais bem executado. Todos viram que eu fui o último a estar com ela. Se houvesse premeditado, teria feito de outra maneira,'”, escreve a jornalista.
Na opinião de Lígia, “teria sido melhor – embora menos sensacionalista – se, em vez de falar com o criminoso, Veja tivesse dedicado o mesmo espaço à mãe da vítima. Se o perdão depende basicamente de quem foi ofendido, não faz o menor sentido abrir espaço para os criminosos. (…) O perigo maior é os leitores acabarem convencidos de que realmente precisam saber mais sobre os escolhidos pela mídia. Não importa se são pessoas que fizerem alguma coisa boa ou se são criminosos. Se estão na mídia, é porque merecem”.
Leia na íntegra: Quando o criminoso ganha espaço, por Ligia Martins de Almeida (Observatório da Imprensa – 27/07/2010)