(DW, 18/10/2014) Após duas semanas de debates no Vaticano, foi apresentada neste sábado (18/10) a mensagem final da Terceira Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, que teve como tema a família. Aprovado por ampla maioria, o texto final foi considerado pelos participantes uma “reflexão equilibrada das doutrinas da Igreja e das exigências pastorais”.
O documento, no entanto, manteve-se longe da polêmica envolvendo uma possível abertura da Igreja em relação ao homossexualismo, como havia sido sugerido pelo relatório inicial do sínodo divulgado na segunda-feira passada. Nele, bispos consideraram que gays têm “dons e qualidades” para oferecer à comunidade cristã e sinalizaram pelo reconhecimento dos “aspectos positivos” de casais do mesmo sexo.
Os trechos irritaram bispos mais conservadores, que reclamaram que suas opiniões não estavam representadas e classificaram o documento como “inaceitável” – o que levou Vaticano, ao longo da semana, a tentar desfazer o clima de disputa na alta cúpula da Igreja Católica. “Não existe uma divisão, duas bancadas”, minimizou na quinta-feira o arcebispo de São Paulo, dom Odilo Scherer, que participou do sínodo.
Neste sábado, o arcebispo do Rio de Janeiro, dom Orani João Tempesta, admitiu que o sínodo não chegou a uma conclusão em relação a questões polêmicas envolvendo casais homossexuais e divórcio, mas disse que “foram dados passos e realizadas discussões para que, sem deixar a doutrina, ou seja, aquilo que é correto para a Igreja, também seja possível ir ao encontro das necessidades pastorais”, afirmou em entrevista à Rádio Vaticano.
Sem qualquer menção a gays, o texto final ressalta apenas que “Cristo quis que a sua Igreja fosse uma casa com porta sempre aberta, recebendo a todos sem excluir ninguém”.
Discussão prossegue até 2015
Após ter sido divulgado na segunda-feira, o relatório do sínodo passou por várias emendas e cortes, aprovados praticamente por unanimidade pelos quase 200 bispos participantes. O texto divulgado hoje será levado às conferências episcopais nos próximos meses e, em outubro do ano que vem, passará novamente pelo crivo dos religiosos durante a Assembleia Ordinaria do Sínodo dos Bispos, conforme explicou Tempesta.
Segundo avaliação dos bispos, fatores como “a debilidade da fé e dos valores, o individualismo, o empobrecimento das relações, o estresse de uma ansiedade que descuida da reflexão serena”, fazem com que os matrimônios fracassem. E destes casamentos surgem “novas relações, novos casais, novas uniões e novos matrimônios, criando situações familiares complexas e problemáticas para a opção cristã”.
A Terceira Assembleia do Sínodo dos Bispos será encerrada oficialmente neste domingo com uma missa celebrada pelo papa Francisco, quando também será realizada a beatificação do papa Paulo 6°.
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