(Último Segundo, 28/10/2014) Passada a eleição, a presidente Dilma Rousseff se engajará pessoalmente na mobilização pela reforma política. De acordo com integrantes do governo, a intenção é provocar esta movimentação a partir das ruas e no contato com movimentos sociais. A estratégia foi pensada pela equipe de comunicação para que, em vez de se tornar alvo de um eminente movimento, como o que ocorreu em junho do ano passado, Dilma possa capitanear eventuais mobilizações.
Além de se prevenir em relação a possíveis protestos, o governo entende que o engajamento de Dilma será importante para responder sobre as denúncias de corrupção na Petrobras, que acabaram influenciando de forma negativa o desempenho da presidente na campanha.
A ideia é apontar a atual forma de financiamento eleitoral, com dinheiro de empresas privadas, como um dos princípios da corrupção. O fim do financiamento privado já tem maioria dos votos dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). No entanto, o entendimento da Corte ainda não foi concluído devido a um pedido de vista feito pelo ministro Gilmar Mendes, que acabou postergando sua aplicação nesta eleição.
Integrantes do PT e do governo já identificaram uma eminente e crescente pressão pela reforma política. A presidente, na campanha, já se engajou na defesa da proposta de reforma com plebiscito, também encampada por entidades como a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
As manifestações de junho do ano passado acabaram forçando Dilma a anunciar ações que previam melhorias nos serviços públicos e a defesa de uma reforma política. Com plebiscito, como forma de combate à corrupção. Dilma anunciou o chamado cinco pactos que previam ações nas áreas de Saúde, de Educação, de Mobilidade Urbana, Fiscal e de combate à corrupção. As manifestações que também tiveram um viés contrário aos partidos.
Em seu discurso, após o resultado, Dilma chamou a reforma política de mãe de todas as reformas. “A palavra mais repetida, mais dita, mais falada, mais dominante foi mudança. O tema mais amplamente invocado foi reforma. Sei que estou sendo reconduzida à Presidência para fazer as grandes mudanças que a sociedade brasileira exige. Dentre as reformas, a primeira e mais importante deve ser a reforma política”, disse a presidente, que já deu início a esta mobilização.
“Meu compromisso, como ficou claro durante toda a campanha, é deflagrar essa reforma que é responsabilidade institucional do Congresso e que deve mobilizar a sociedade em um plebiscito por meio de uma consulta popular. Com essa consulta, o plebiscito, vamos encontrar força e legitimidade exigidos no meio desse momento de transformação para levar à frente a reforma política”, disse a presidenta.
Luciana Lima
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