(Folha de S.Paulo) A antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Mirian Goldenberg, escreve artigo para o caderno Equilíbrio em que critica a ditadura do cor-de-rosa para as meninas, que acabam viciadas nessa cor, o que impede qualquer tentativa de diversidade e simbolizaria um culto da aparência.
“O cor-de-rosa reina no universo infantil feminino. O rosa não é só a cor das Barbies, mas também de vestidos, camisetas, biquínis, mochilas, sapatos, pulseiras, bicicletas, cadernos, lençóis, fantasias de princesa etc. Enquanto as meninas estão de rosa da cabeça aos pés, os meninos vestem azul, verde, amarelo, vermelho, preto, cinza, laranja, branco e, até, algumas vezes, rosa. Eles não são apenas mais livres no uso de cores, mas correm, brincam, gritam, jogam, se sujam e se machucam muito mais do que elas.”
A antropóloga cita o blog PinkStinks, em que duas inglesas declaram guerra ao fenômeno da “pinkification” das meninas: a onipresença da cor rosa, um fenômeno que vai muito além da cor. Elas dizem que a cultura do rosa, imposta às meninas desde o berço, é baseada no culto da beleza, do corpo, da aparência, da magreza, em detrimento da inteligência.
A comparação entre as cores e as brincadeiras de meninos e meninas sugere que faltará a elas, quando adultas, algo fundamental: liberdade, na pesquisa realizada por Mirian Goldenberg com cariocas das classes médias, “elas afirmam invejar nos homens. Já eles dizem não invejar absolutamente nada nas mulheres”.
Leia o artigo: Princesas cor-de-rosa, por Mirian Goldenberg (Folha de S.Paulo – 24/08/2010)