(UOL, 19/12/2014) Em entrevista à Pública, a jornalista Juliana de Faria, idealizadora da campanha Chega de Fiu Fiu, conta que decidiu dar voz às mulheres a respeito do assédio de rua depois de ter passado por situações abusivas e perceber o quanto isso era naturalizado pelas pessoas: “Eu sempre fui vítima de assédio sexual. A primeira vez aconteceu quando eu tinha 11 anos, foi um assédio verbal e me chocou muito. Eu estava esperando para atravessar a rua de casa e um carro diminuiu a velocidade e começou a falar coisas que eu nem entendi na hora mas me assustaram tanto que eu comecei a chorar. Aí no caminho de volta uma senhora me perguntou porque eu estava chorando, eu contei e ela disse ‘ah que bobagem, você deveria estar feliz, na minha idade você vai sentir falta’ e ali eu já entendi que não podia falar a respeito disso. Com 13 anos eu sofri um abuso físico, quase um estupro. Saindo do metrô o cara me puxou pelo braço falando que ia me comer e eu consegui me desvencilhar porque ele estava bêbado demais. Mas se ele não estivesse tão bêbado como isso iria acabar? Nunca falei disso publicamente porque sentia essa resistência, quase como se fosse uma frescura. Aí quando teve aquele caso do Gerald Thomas, que enfiou a mão por dentro do vestido da Panicat, que foi horrível, eu vi amigos meus defendendo aquilo. Gente que eu conhecia, amigos meus defendendo essa cultura de estupro. Foi um wake up call para começar esse trabalho”.
Leia mais:
Mulheres treinam autodefesa para se protegerem de assédio e agressão (G1/São Paulo, 29/12/2014)
O mapa da violência contra a mulher, por Sheila Fonseca (Vermelho, 25/12/2014)
Estudante da USP denuncia estupro: ‘Ele dizia que eu não precisava querer’ (G1, 23/12/2014)
Acesse a íntegra no Portal Compromisso de Atitude: Pesquisa: 81% das mulheres já deixaram de fazer algo por medo de assédio (UOL, 19/12/2014)
Acesse também a matéria na íntegra publicada pelo Portal A Pública: Intimidade Violada: cursos ensinam homens a assediar mulheres (A Pública, 16/12/2014)