(Brasil Post, 26/01/2015) A desigualdade de gênero no mercado de trabalho custa US$ 9 trilhões a cada ano aos países emergentes, de acordo com um estudo divulgado pela organização internacional ActionAid. O custo é maior que os PIBs do Reino Unido, França e Alemanha juntos.
O valor foi calculado de acordo com o “abismo salarial” entre homens e mulheres, uma vez que elas têm menos oportunidades no mercado de trabalho e estão longe de receberem um salário igual ao deles.
Segundo a organização, existem duas principais causas para a desigualdade salarial em países em desenvolvimento. A primeira é que as mulheres costumam realizar trabalhos com menores salários e com mais formas exploratórias, como vendedoras ambulantes em beira de estradas, empregadas domésticas ou trabalhando em fábricas.
Também, as mulheres gastam grande parte do seu tempo cuidando dos filhos e do lar, trabalho que é invisível e totalmente gratuito. De acordo com o Banco Mundial, as mulheres gastam até 10 vezes mais horas que os homens em trabalhos não remunerados, como cuidar de crianças, idosos e doentes.
Em países mais pobres, onde governos não financiam serviços básicos de saúde e educação, o problema se agrava ainda mais: além de cuidar dos filhos, elas precisam coletar água e comida, o que não sobra tempo para se dedicarem à carreira.
“Diminuindo essas diferenças salariais, os governos não vão apenas melhorar a qualidade de vida dessas mulheres, mas ajudar a economia de suas comunidades, uma vez que elas tendem a gastar sua renda extra em alimentação, saúde e educação para família”, explicou a agência, acrescentando que essas mulheres também têm um potencial de força de trabalho inexplorado.
Além da economia
Os custos da desigualdade no trabalho vão além do monetário. Ela afeta as escolhas de vida, deixando as mulheres mais vulneráveis à violência, à discriminação e exploração.
“Esse é um enorme problema e não é algo que vamos corrigir da noite para o dia. Mas há caminhos para melhorar a vida de milhões de mulheres pobres em todo o mundo”, diz a diretora de políticas públicas da ActionAid, Lucia Fry.
Para Lucia, equiparação salarial, extinguir leis e práticas discriminatórias e criar políticas favoráveis à inclusão da mulher no mercado de trabalho são medidas que devem ser promovidas o quanto antes.
Desigualdade no Brasil
Apesar da desigualdade de gênero diminuir ao longo dos anos no mercado brasileiro, dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) divulgados na semana passada mostram as mulheres ainda ganham menos.
Em 2014, enquanto eles receberam um salário de admissão médio de R$ 1.247,98, elas ganharam R$ 1.075,52.
Luiza Belloni
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