Viviane Teves postou no Facebook que foi violentada em 2005 em SP. Nesta quinta-feira (12), ela disse que recebeu ofensas pelo WhatsApp
(G1/São Paulo, 12/02/2015) A publicitária e coordenadora de mídia social Viviane Teves, de 28 anos, disse que virou alvo de “cyberbulling” desde que postou no Facebook que foi estuprada há dez anos em São Paulo.
Teves afirma que passou a receber mensagens de “parabéns” pelo Facebook e pelo WhatsApp. O crime sexual, segundo ela, ocorreu em 12 de fevereiro de 2005. E as ofensas começaram na madrugada desta quinta-feira (12), dois dias após ela ter feito a revelação.
“Juro que pensei novamente em me suicidar”, disse Viviane, que trabalha em um site dedicado à educação.
“A primeira vez que pensei em me matar foi quando ocorreu o estupro, a outra foi nesta quinta ao receber ‘parabéns’ por ter sido violentada há dez anos”, desabafou.
De acordo com Viviane, além dos ataques na rede social, mensagens irônicas foram publicadas em um grupo no WhatsApp chamado “Vivi. 10 anos de estupro”. O número do telefone de Viviane foi divulgado no aplicativo, juntamente com um convite para que as pessoas a parabenizem pela violência sexual que sofreu.
“Hoje é um dia muito especial. Faz dez anos que nossa querida Vivi Teves foi estuprada e depois desse dia ela nunca mais foi a mesma. Até hoje ela está brincando de DJ e esperando um novo estupro. Então desejem parabéns a ela, afinal, não se faz dez anos todo dia”, diz o texto compartilhado no WhatsApp.
Antigos seguidores
A publicitária suspeita que as ofensas tenham partido de seus antigos seguidores na extinta página Humor Negro (HN), que era hospedada no Facebook. “Assim como revelei no Facebook o estupro que sofri, como forma de desabafo, decidi revelar também na mesma página as ofensas que recebi pela rede social e pelo Whats App”, disse Viviane.
Viviane era moderadora da comunidade HN, que nasceu no Orkut em 2004 e migrou para o Facebook, até ser suspensa em 2012. “Na época o Facebook não gostou de uma postagem que fizemos sobre o 11 de Setembro. A gente não zoava pessoas, fazia piadas de tragédias só.”
Segundo ela, as mesmas pessoas que a seguiam na HN passaram a ameaçá-la para voltar com a página desde então. “Há seis anos, fizeram uma montagem com minhas fotos como se eu estivesse nua”, contou. “Procurei a polícia na época, mas não fizeram nada”.
Viviane afirmou que, após as ofensas irônicas que passou a receber desde que revelou ter sido estuprada, pretende ir novamente às autoridades. “Estou sendo vítima de cyberbulling. Isso é crime e tem de ser combatido”, disse ela, que quer ir com um advogado à delegacia da Polícia Civil que investiga crimes cibernéticos. “Também devo procurar o núcleo de defesa da mulher da Defensoria Pública”.
Mãe aos 14 anos após sua primeira relação sexual, Viviane disse ao G1 que não quis fazer boletim de ocorrência quando foi estuprada aos 19. “Não procurei a Justiça nem fiz BO. Na época a minha mãe me perguntou se eu queria passar por um exame de delito e eu realmente não quis passar por tudo isso de novo”, disse.
De acordo com Viviane, quem a violentou era um falso vidente na rua que encontrou num terminal de ônibus da capital paulista. “Ele me abordou. Ele disse que ia fazer a pessoa que eu gostava se apaixonar por mim e me levou a uma padaria. Na bebida, ele me drogou. Me levou para um motel e eu não conseguia fazer nada, a não ser sentir tudo. Não me mexia, não conseguia falar, só chorar. Ele fez tudo que quis. Roubou meu dinheiro, minha máquina fotográfica, tirou fotos minhas nuas e foi embora”.
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