Com o apoio da ONU Mulheres, USP realiza, nesta 3ª feira, 24, simpósio sobre violência de gênero e raça em trotes universitários

22 de fevereiro, 2015

Encontro dá seguimento a ações para o fim de trotes violentes contra gênero e raça, conforme carta pública da ONU Mulheres, universidades, coletivos feministas e diretoria de Mulheres da UNE

Leia aqui a íntegra da carta pública pelo Fim do Trote Violente contra Gênero e Raça

O Diversitas (Núcleos de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos) –FFLCH USP (Universidade de São Paulo) realiza nessa terça-feira, 24 de fevereiro, o SimpósioDemocracia Universitária, ética e corpo: não à opressão, nenhuma vida vale menos, das 9h às 17h30. O evento acontece em meio a denúncias de estupro e abuso de alunas da Medicina, que têm deposto na CPI das Universidades instaurada pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

No encontro, a antropóloga Heloisa Buarque, do USP Diversidade, apresentará a  Carta pelo Fim do Trote Violento contra Gênero e Raça, elaborada pela ONU Mulheres, grupos de estudos de gênero e raça de universidades brasileiras, coletivos feministas e a Diretoria de Mulheres da UNE (União Nacional dos Estudantes). “A ONU Mulheres reconhece a violência crescente nas universidades como expressão de misoginia, agressão e intimidação da livre convivência e circulação de estudantes. Em conjunto com lideranças das universidades, estamos trabalhando para dar visibilidade a essas violências que precisam de respostas ágeis e efetivas do poder público, para a justiça aos casos e a prevenção da violência de gênero e raça”, afirma Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres Brasil.

A programação (ver abaixo) contará com alunas e professores da USP e os diretores da FMUSP (Faculdade de Medicina da USP), entre eles José Otávio Costa Auler Júnior.

Nos últimos dois anos, surgiram no Brasil diversas denúncias contra trotes universitários organizados por veteranos, que lançam mão de práticas machistas, lesbofóbicas, homofóbicas, transfóbicas e racistas contra calouras e calouros. Ano após ano, esse grupo é submetido a atividades agressivas definidas por veteranos, nas festas das faculdades e dentro das residências estudantis – a maioria deles, homens brancos e de classe média alta.

Entre as atividades propostas na Carta para dar fim a essas práticas violentas estão a elaboração de uma campanha de mídia e advocacy contra o trote violento, que conscientize universitárias e universitários a respeito da violência de gênero e raça, e a formação de uma rede institucionalizada de apoio, com a implementação de comitês de apuração e ouvidorias.

A mobilização acontece no marco da iniciativa O Valente não é Violento, da campanha do Secretário-Geral da ONU “UNA-SE pelo Fim da Violência contra as Mulheres”, com o intuito de expressar publicamente um compromisso institucional a favor de mulheres, trans, lésbicas, gays, negras e negros, que há anos são vítimas da violência nos trotes.

Na recepção da calourada, no primeiro semestre letivo de 2015, serão realizadas aulas públicas sobre o trote violento e a igualdade de gênero e raça, na Faculdade Cásper Líbero, na USP (Universidade de São Paulo) e na Universidade Federal de Goiás, onde alunas e alunos também tomarão contato com o tema por meio de materiais de comunicação, como lambe-lambes e faixas.

As ações também incentivam a denúncia de violências sofridas ou presenciadas por meio do aplicativo Clique 180 (http://clique180.org.br) disponível para download nos sistemas de telefones inteligentes (smartphones) IOS e Android, do portal Minha Voz (www.minhavoz.com) e do mapa Chega de Fiu Fiu (www.chegadefiufiu.com.br), a fim de tornar públicos os casos de violência e fornecer informações como serviços públicos de assistência policial, jurídica e psicológica pós-violência ou de prevenção.

Eliminação da violência de gênero – “O Valente não é Violento” é uma iniciativa da campanha UNA-SE Pelo Fim da Violência Contra as Mulheres, do Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, que conta com o envolvimento de todas as agências da ONU e é coordenada pela ONU Mulheres. No Brasil, a ação conta com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR).

Tem com o objetivo estimular a mudança de atitudes e comportamentos machistas, enfatizando a responsabilidade que os homens devem assumir na eliminação da violência contra as mulheres e meninas. Desse modo, a juventude da América Latina e do Caribe poderá ter uma vida livre da violência de gênero.

Parceria Institucional: ONU Mulheres; O Valente não é Violento (iniciativa das Nações Unidas com o apoio da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República); USP Diversidade; Genera – Núcleo FEA de Pesquisa em Gênero e Raça; Poligen – Grupo de Estudos de Gênero da Poli-USP; Ser-Tão – Núcleo de Estudos e Pesquisas em Gênero e Sexualidade da UFG; Diretoria de Mulheres da UNE; Faculdade Cásper Líbero; Coletivo Feminista Histéricas; Instituto Federal do Maranhão; Centro Acadêmico Visconde de Cairu – FEA- USP; Centro Acadêmico João Mendes Júnior – Mackenzie.

Programação do Simpósio:

09:00 – Sessão de Abertura
José Otávio Costa Auler Júnior (Diretor da FMUSP)
Tarcísio Eloy Pessoa de Barros Filho (Vice-diretor da FMUSP)
Edmund Chada Baracat (Presidente da Comissão de Graduação da FMUSP)
Francisco Miraglia (Representante da ADUSP)
Zilda Iokoi (Diversitas)

09:30 – Mesa Redonda: Ações Contra a Opressão
Ana Flávia Pires Lucas d’Oliveira (Professora do Depto. de Medicina Preventiva da FM/USP)
Antônio Ribeiro de Almeida Júnior (Professor do Depto. de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ/USP e pesquisador do Diversitas)
Irene Cardoso (Professor do Depto. de Sociologia da FFLCH/USP)

12:00 – Intervalo

14:00 – Mesa Redonda: Desocultando opressões
Marco Akerman (Professor do Depto. de Prática de Saúde Pública, da FSP/USP)
Jupiara Castro (Fundadora do Núcleo de Consciência Negra e funcionária da Faculdade de Medicina)
Renato Pignatari (aluno de graduação da Faculdade de Medicina)
Vanessa DelCastillo Couto (Representante da Frente Feminista da USP)
Felipe Scalisa Oliveira (aluno de graduação da Faculdade de Medicina)

15:30 – Intervalo

16:00 – Mesa Redonda: Ações que superem o ciclo da violência
Eduardo Ferreira Valério (Promotor de Justiça de Direitos Humanos de São Paulo)
Heloísa Buarque de Almeida (Professora do Depto. de Antropologia da FFLCH e USP Diversidades)
Zilda Grícoli Iokoi (Professora do Depto. de História da FFLCH e coordenadora do Núcleo de Pesquisas – Diversitas)

Simpósio Democracia Universitária, ética e corpo: não à opressão, nenhuma vida vale menos
Quando: 24/02, terça-feira, das 9h às 17h30
Onde: Teatro da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Av. Dr. Arnaldo , 455, São Paulo – SP.

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