(Folha de S.Paulo) O cantor, ex-vereador e atual candidato a senador Netinho de Paula (PCdoB), costuma dizer que foi “pontual” o episódio em que foi acusado de espancar a ex-companheira Sandra Mendes, em fevereiro de 2005. Reportagem da Folha mostra no entanto que Netinho já foi condenado por agredir e ofender uma funcionária da Vasp, em julho de 2001.
O canto foi processado pelo Ministério Público por ter dado uma “chave de braço” em Nilda Pisetta, supervisora da antiga companhia aérea. Em novembro de 2002, foi condenado a pagar cem latas de leite em pó e, em uma ação civil de indenização por danos morais movida pela vítima, Netinho foi condenado a pagar R$ 80 mil. Após a decisão houve um acordo entre o réu e a vítima, mas o valor negociado não foi divulgado.
A agressão de Netinho à ex-mulher aconteceu quatro anos depois e o caso também foi resolvido com um acordo registrado em cartório, fora dos tribunais, segundo o qual o cantor comprometeu-se a pagar R$ 850 mil a Sandra, que também teve direito a um carro de luxo e a um plano de saúde durante dois anos.
Em entrevista à Folha (22/09/2010), Netinho foi questionado sobre seu posicionamento sobre a legalização do aborto e perguntado também sobre a agressão contra sua ex-mulher em 2005:
“O sr. defende a legalização do aborto?
Não. Para mim, o aborto é uma questão de saúde. Não consigo tratá-lo como uma questão religiosa. Sou batista. Meu segmento de igreja é totalmente contrário. Mas eu entendo diferente.
Acho que todo mundo é contra o aborto. Existem circunstâncias que levam ao aborto, e ele tem que ser tratado como saúde pública.
Se no Senado acusarem o sr. de agressão contra a mulher, como vai responder?
Vou dizer que me tornei o mais feminista dos feministas. Eu acho que a gente nunca teve, em uma campanha para o Senado, a Lei Maria da Penha citada tantas vezes. E isso é um ganho.
Perante a sociedade, nos últimos cinco anos da minha vida, me desculpei várias vezes. Disse que foi um erro. A minha companheira também já disse isso.
Eu sempre trabalhei muito com mulheres, e elas sabem que eu não sou um agressor.
Circulou na internet um vídeo no qual eram citadas a agressão à sua ex-mulher e a um repórter de TV. Esse filme foi divulgado por um coordenador da campanha da Marta. Como o senhor reagiu?
Eu não tive tempo de reagir a isso. Antes de o assunto chegar na imprensa, a Marta me ligou dizendo o que tinha acontecido. Disse que não era para acontecer daquela forma, e que eu não deixasse a nossa relação estremecer.
Ela sempre agiu comigo de maneira cordial. Isso para mim é um fato superado. Não mexeu com meus eleitores, nem com a campanha.
Em 2005, o sr. fez um acordo com sua ex-companheira e disse ser pobre para não arcar com as custas do processo. Em 2008, declarou um patrimônio de R$ 1,3 milhão. Agora, de R$ 192 mil. Afinal, o sr. é milionário ou é pobre?
Eu sou um cara que deu certo na vida. Não me considero milionário, nem pobre. Me considero um cara trabalhador e um cara que, as minhas rendas, a população sabe de onde veio.”
Acesse essas matérias:
Netinho foi condenado por outra agressão (Folha de S.Paulo – 26/09/2010)
Não vim pra ser segundo (Folha de S.Paulo – 22/09/2010)