(O Globo, 16/04/2015) Indicação foi feita em janeiro, mas a Santa Sé ainda não aprovou o nome de Laurent Stefanini para o cargo
A nomeação de um embaixador abertamente gay para o Vaticano tem gerado atrito entre a França e a Santa Sé desde janeiro. Normalmente, o Vaticano leva seis semanas para aprovar uma indicação, mas, até agora, o governo francês não teve resposta da cidade-estado que é a sede da Igreja Católica. Nesta quarta-feira, a França anunciou que irá manter a nomeação de Laurent Stefanini.
— A França escolheu seu embaixador para o Vaticano. Esta escolha foi Stefanini e continua sendo a proposta da França. Há negociações. Cada embaixador deve receber a credencial em todos os lugares que nomeamos. Esperamos a resposta do Vaticano, mas a posição da França não muda— afirmou o porta-voz do governo francês, Stephane Le Foll.
A aprovação de Stefanini tem sido vista com um teste ao Papa Francisco, que já demonstrou ter posições mais progressistas sobre a homossexualidade do que seus antecessores. No entanto, analistas acreditam que o pedido pode ser negado. Eles dizem que esse longo silêncio pode ser visto como uma recusa, já que o Vaticano não costuma emitir um comunicado quando decide negar o embaixador escolhido.
Na semana passada, questionado pela imprensa, a Santa Sé emitiu uma nota afimando que “quando o embaixador é indicado, o nome é publicado no boletim oficial da Santa Sé. Até lá, não há nada a ser dito”
A França, que legalizou o casamento entre pessoas do mesmo sexo em 2013, tem negociado com o Vaticano sobre a nomeação. Laurent Stefanini, 55 anos, ocupou o posto de vice-embaixador entre 2001 e 2005. Diplomata com ampla experiência, Stefanini já foi descrito pelo Ministério de Relações Exteriores da França como “um de nossos melhores diplomatas”.
Acesse o PDF: Nomeação de embaixador gay gera atrito entre França e Vaticano (O Globo, 16/04/2015)