(O Globo, 26/04/2015) A nova geração de feministas milita na web, abraça questões de gênero e, acima de tudo, quer liberdade de corpo e alma
Nos idos de 1968, feministas americanas empilharam sutiãs, saltos altos, cílios postiços, tubos de laquê e espartilhos para fazer uma fogueira e protestar contra a realização de um concurso de beleza. Por medida de segurança, os “instrumentos de tortura” não chegaram a ser de fato incinerados, mas o episódio, que ficou conhecido como “bra-burning”, ou “queima dos sutiãs”, chamou a atenção do mundo para a situação das mulheres naqueles tempos por si só tão opressores.
Em 2015, quem pratica e quem teoriza sobre o tema põem lenha na fogueira: o feminismo vive um novo ciclo. Alguns palmos abaixo no vestuário de protesto, a minissaia é ostentada como símbolo de liberdade. Liberdade para mostrar as pernas sendo magra ou gorda, alta ou baixa, branca ou preta, novinha ou sessentona. Liberdade para circular pela cidade sem ter medo de ser assediada. Liberdade para fazer o que bem entender com o próprio corpo.
Um novo despertar
Mês passado, centenas de mulheres usaram saias para marchar na Praia de Copacabana na primeira edição do Dia Internacional da Minissaia — criado pelas organizadoras do bloco de carnaval Mulheres Rodadas —, de carona no Dia Internacional da Mulher. “O tamanho da saia sou eu que escolho! Sem medo, sem ameaça, sem constrangimento. Tire a sua minissaia do armário e venha ser feliz!”, dizia o convite, publicado no Facebook. O protesto foi embalado por “Maria Maria”, de Milton Nascimento, “A roda”, de Sarajane, “Dancin’ Days”, de As Frenéticas…
— Somos feministas da purpurina. Sem radicalismo. Nossa onda não é segregar. A proposta é chamar a atenção para as questões de gênero de forma leve, mais lúdica, e terminar de vez com o estigma de que feminista é uma mulher chata que não depila o sovaco — explica Renata Rodrigues, de 37 anos, fundadora do Mulheres Rodadas ao lado de Debora Thomé.
Com axilas raspadas ou não (tem uma turma que opta por cultivar os pelos embaixo do braço e colori-los de rosa), mulheres entre 15 e 30 anos estão renovando o movimento em debates nas redes sociais, em colégios, em faculdades (praticamente todas as universidades do Rio têm coletivos de mulheres), na poesia, no teatro, na música.
A mobilização é vista como “um novo despertar” pela socióloga Bila Sorj, professora do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, militante desde o final dos anos 1970. No início de 2000, Bila chegou a achar que a juventude contemporânea estava acomodada e satisfeita com as conquistas das gerações anteriores — por exemplo, o número de mulheres com diploma universitário ultrapassou o de homens, segundo dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
— Alguns anos atrás, conversando com feministas da minha geração, cheguei à conclusão de que o feminismo como movimento social acabaria conosco — lembra Bila. — Mas acho que elas começaram a se dar conta de que a igualdade que se dizia estabelecida não era bem assim diante das opressões que começaram a viver. É como se fosse um novo despertar.
Textos compartilhados nas redes sociais funcionaram como um eficiente despertador. A cada dia surgem comunidades (abertas ou fechadas) no Facebook, blogs e publicações digitais especializadas.
— A internet impulsiona o feminismo — observa Juliana de Faria, fundadora do site Think Olga (referência à revolucionária Olga Benário) e criadora da campanha “Chega de fiu fiu”. — As lutas feministas são as mesmas. O aborto ainda é criminalizado. A violência doméstica hoje é colocada na parede pela Lei Maria da Penha, mas ainda mata mulheres a rodo. Se as sufragistas garantiram nosso direito ao voto, a participação feminina na política ainda é lamentável, e essa falta de representatividade atravanca avanços políticos com recorte de gênero… A mudança é a internet. Ela nos ajudou a popularizar o movimento. Nos ajudou a aproximar mulheres diferentes, de vidas e experiências diferentes, em torno de uma mesma causa. Ela fortalece nossa voz e nos permite gritar mais alto. Nos permitiu falar de feminismo sem academicismos, de maneira mais acessível e às vezes até de forma bem-humorada!
Lançada há um ano, a revista digital “Capitolina” (nome inspirado em Capitu, personagem de “Dom Casmurro’’) aborda assuntos como “Relacionamento com homens mais velhos e o que há de errado neles”, “Saindo com outras meninas” e “Desmistificando a menstruação”.
— Muitas jovens estão conhecendo e se identificando com o feminismo através da internet. Foi assim comigo — conta Georgia Santana, de 24 anos, estudante de Biblioteconomia e revisora da “Capitolina”.
A revista digital tem 74 colaboradoras pelo Brasil, incluindo duas transexuais. Todas trabalham de graça e são coordenadas pela editora Sofia Soter, de 23 anos.
— Quando você se sente apoiada por outras mulheres, tem mais força para se colocar na sociedade. O coletivo é muito importante — acredita a estudante de Arquitetura Isabela Peccini, de 24 anos, outra colaboradora, que escreve sobre sexo e relacionamento.
O bonde feminista da Baixada
Bailarina e artesã, Fabi Pinel, de 23 anos, nascida e criada em Manguinhos, comunidade de Bonsucesso, Zona Norte do Rio, foi apresentada ao movimento feminista pelo Facebook.
— As redes sociais têm aproximado meninas que precisam dessa filosofia para sobreviver. O feminismo me empoderou — conta Fabi, expulsa de casa pelo pai aos 17 anos, quando perdeu a virgindade. — Fui morar com o meu namorado e comecei a sofrer violência doméstica. Percebi que aquele ciclo continuava porque eu não tinha grana para me manter. Eu dependia financeiramente daquela pessoa. Eu não merecia ser agredida. Não havia o que explicasse tamanha violência. Quase fui morta na mão do meu companheiro.
Após se aproximar de outras jovens feministas nas redes sociais, Fabi teve a ideia de fazer guirlandas de flores para vender. Os adereços fizeram sucesso e ela, enfim, conquistou a sonhada independência financeira — uma antiga bandeira do feminismo que continua em pauta: segundo dados dos IBGE, os homens ainda ganham cerca de 30% a mais do que as mulheres mesmo atuando nas mesmas funções e tendo as mesmas cobranças.
— Minha inspiração foi a Frida Kahlo. Uso as flores para me enxergar. Fiquei um ano separada do meu companheiro. E hoje estamos juntos de novo. Voltei com a seguinte condição: “se você encostar um dedo em mim vai ter polícia.” O feminismo me libertou financeiramente e ideologicamente. Ao meu homem também — afirma Fabi, que carrega os adereços de cabeça numa ecobag estampada com o icônico cartaz que reproduz a imagem de uma operária americana mostrando o muque sob os dizeres “We can do it!”.
Fabi vende as guirlandas no Sarau V, organizado por Janaína Tavares, e em eventos promovidos pelo Coletivo Roque Pense!, comandado por Giordana Moreira. Muitas ações acontecem na Praça dos Direitos Humanos, em Nova Iguaçu. Colorida com grafites que retratam as brasileiras Maria da Penha e Armanda Álvaro Alberto e a paquistanesa Mukhtar Mai, a praça é ponto de encontro de coletivos feministas da Baixada.
— A sororidade é um princípio do Roque Pense!, que abre espaço para bandas, oficinas, debates, artes, cinema, causas… Enfim, todo o trabalho desenvolvido por mulheres de todo o país — explica Giordana.
Poeta e mãe de três filhos, Camilla Senna, de 29 anos, criou há oito meses o Poesia Segunda Pele. Munida de canetas à prova d’água, ela escreve versos nos braços, nas pernas e nos rostos das companheiras de militância. Já fez intervenções poéticas em 60 corpos.
— Quero fazer um calendário feminista em contraste com as folhinhas que ostentam o corpo da mulher como mercadoria — planeja Camilla, pouco antes de começar a escrever no rosto de Janaína Tavares, do Sarau V.
Clara Rodrigues, de 19 anos, é estudante de Artes e, há duas semanas, pôs no ar no Facebook a página Bonde das Minas da Baixada. Futuramente ainda quer fazer mais: um aplicativo para o mapeamento das mulheres da região.
— É preciso andarmos juntas por uma questão de autodefesa — explica Clara, que mora em Nilópolis e estuda na Barra da Tijuca. — O Bonde das Minas da Baixada é uma alternativa para irmos ou voltarmos juntas da faculdade, do trabalho, de alguma festa, já que não podemos contar com segurança pública no Rio. Não só eu, mas várias amigas já foram assediadas por policiais fardados. Infelizmente, o direito de ir e vir é transpassado pelo machismo.
Outro coletivo recém-criado por militantes da região é o Uterárias Ovariáveis, idealizado pelas amigas Jéssica Flor, de 20 anos, e Joana Ribeiro, de 23 anos. A proposta é levantar a autoestima da mulher da Baixada.
— O feminismo é uma luta diária. Sou filha de camelôs e a primeira pessoa da minha família a entrar para a faculdade — diz Joana, atriz, autora de poesias eróticas e estudante de Jornalismo.
— Estamos botando a cara. Muitas meninas se identificam comigo por eu ser negra, universitária, moradora da Baixada — conta Jéssica, estudante de Direito. — Nos relacionamos com caras que se dizem de esquerda, ou seja, que lutam pela igualdade, mas que reclamam das nossas estrias, gordurinhas, colocam a nossa autoestima no chinelo. É tudo esquerdo-macho.
Ao ouvir o papo, a diretora de teatro Mary Fath, de 36 anos, entra na roda.
— Não é porque a gente reclama do comportamento dos homens que somos mal-amadas. Achar que eu pauto as minhas ações pelo pedaço de carne que é o peru de alguém é um absurdo — diz. — Existe uma deturpação do que é ser feminista. Nós somos todos os tipos de mulheres: lésbicas, heterossexuais, bissexuais, assexuadas.
Os homens são bem-vindos aos coletivos de mulheres, mas com ressalvas.
— Não existe homem feminista. Pode ser um machista em desconstrução ou um pró-feminista — ressalta Mary.
Para ela, a sociedade machista acaba incentivando a “cultura do estupro”:
— A gente tem que parar com a ideia de que o estuprador é um tarado num beco escuro. O estuprador está ali na chopada esperando você ficar bêbada para se aproveitar. É um familiar que está na sua casa e diz que aquilo é uma brincadeira. É o cara do transporte público que bota a mão em você. Muitos namorados estupram as namoradas em relações abusivas.
Lidi de Oliveira, a MC Lidi, de 23 anos, é uma referência do movimento feminista da Baixada.
— Quando eu tinha 12 anos, presenciei um surto de estupro no bairro onde moro, o Parque Paulista, em Caxias. No enterro de uma vizinha, que foi morta pelo avô, me prometi que lutaria por ela — lembra Lidi.
Há um ano e meio, ela criou o coletivo Pagufunk. Nas letras das músicas que compõe no caminho de casa até a faculdade — são sempre três horas para ir mais três para voltar —, ela manda um papo reto.
— As letras são bem provocativas. Tem “Se chegar na favela com esse papo de machista… Vou cortar a sua pica”. Ou “É militante de esquerda mas bate na mina? Vou cortar a sua pica” — canta Lidi, que vai gravar o primeiro CD da Pagufunk mês que vem, em Brasília. — Já apanhei depois de shows e já fui ameaçada por um grupo neonazista. Por isso costumo dizer que faço poesia escrita com tinta vermelha.
Militância no colégio e na universidade
Moradora da Baixada e estudante de Museologia na UniRio, Jéssica Barbosa, de 20 anos, deixou os pelos das axilas crescerem e os pintou de rosa. Para ela, é mais fácil ser feminista na Urca.
— No trem, toda vez que levanto o braço e mostro a “suvaca” da Barbie parece que eu estou fazendo uma performance. Já nos intervalos das aulas, as meninas tomam sol mostrando os pelos e todo mundo acha normal — conta ela, integrante do Coletivo de Mulheres da UniRio.
Mas, no campus, ainda há muita batalha. O combate aos trotes machistas é bandeira comum aos coletivos da UniRio, da UFRJ, da Uerj, da Rural, da PUC. Na Rural, foi criado ainda o Comitê de Autodefesa, uma resposta a episódios de violência sexual ocorridos no campus. Em encontros semanais, as participantes aprendem capoeira e jiu-jítsu. Outro coletivo atuante da Rural é o de mães, que acabou de conseguir permissão para a permanência de filhos das universitárias no alojamento. Na PUC, reivindica-se a instalação de um fraldário.
Os coletivos das universidades já têm pauta para o início de maio: o Encontro de Mulheres da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Curitiba. Semana passada, o da PUC abriu a reunião mensal falando sobre a importância de todas participarem do evento. Embora não sejam ligadas diretamente a nenhum partido político, elas marcam posição. No fim do mês passado, as meninas promoveram uma batucada em protesto à presença de Flavio Bolsonaro, filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PP), no campus.
— Fizemos a batucada para mostrar repúdio à família Bolsonaro. Recebemos a adesão de várias meninas após o protesto — comemora uma delas.
A ausência de assinatura na declaração acima tem um motivo: o Coletivo de Mulheres da PUC prefere aparecer como grupo, sem que nenhuma seja identificada individualmente.
— Não podemos nos expor. O coletivo é um lugar paras compartilharmos as nossas angústias — ressalta outra.
No dia a dia, as estudantes trocam ideias e denúncias pelo Facebook ou pelo grupo que mantêm no WhatsApp:
— O feminismo está na boca de todo mundo. Até a Beyoncé estampou a bandeira do movimento num show.
Para a antropóloga Aline Tavares, pesquisadora do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp, movimentos recentes como a Marcha das Vadias, que surgiu em 2011, no Canadá, influenciaram a criação e ebulição dos coletivos de mulheres nos campus.
— A Marcha das Vadias deixou a herança de um feminismo mais lúdico, mais artístico. E deu novo fôlego ao movimento — observa. — Esse feminismo jovem tem como bandeira forte a sexualidade, a liberdade sobre o próprio corpo. Essas questões passaram pelos movimentos mais antigos, mas nunca foram mais aprofundados como hoje. O corpo virou um objeto político.
A socióloga Bila Sorj concorda:
— O corpo adquiriu um lugar muito central nas manifestações contemporâneas. A cada momento que essas jovens feministas se deparam com a desigualdade, há uma explosão de indignação, de decepção. É muito forte porque elas fazem parte de uma geração que cresceu com a ideia de que homem e mulher agora são iguais…
E a indignação está começando cada vez mais cedo. O Femininjas foi criado há quatro meses por alunas do Colégio São Vicente de Paulo. Atualmente, 70 adolescentes debatem, entre outros assuntos, a questão das roupas usadas por meninas e por meninos.
— No início do ano letivo, a coordenação do colégio teve uma conversa com os alunos sobre regras de vestimenta. Mas o discurso foi totalmente machista, focado nas roupas das meninas. Repetiram várias vazes que o short curto tira a atenção dos demais alunos e até dos professores — conta a estudante Marina Mainhard, de 15 anos, uma das fundadoras do Femininjas.
— Foi um discurso violento, feio, que deu a entender que a gente não está segura na escola. E isso não é verdade, meu corpo me pertence — emenda Julia Campos, também de 15 anos, ostentando um broche com o símbolo feminista na camiseta. — E não falaram nada sobre a moda de os meninos usarem bermuda caída com um palmo de cueca para fora… Não queremos tirar o privilégio deles. Queremos apenas igualdade.
As meninas pediram a palavra e organizaram, mês passado, uma mesa-redonda para debater o assunto. Espalharam cartazes pelos murais da escola com frases como “Não se dê ao respeito porque ele é seu” e “Não deixe que te rotulem pelo comprimentos das suas roupas”.
— Na aula de Educação Física, os meninos podem tirar a blusa. Nós, então, pedimos para fazer a atividade de top de ginástica, mas não deixaram — lamenta a estudante Helena Maia, de 15 anos, que, assim como outras colegas, não está nem aí para sutiã. — Não desistimos e vamos continuar com a luta. Desconstrução is the new black.
Engajamento dentro e fora do palco
A cantora, ilustradora e escritora Karina Buhr, de 40 anos, é uma das musas desta nova geração. Ela conta que é feminista desde criancinha:
— Não tenho um discurso acadêmico, minha fala é baseada nas coisas que acontecem comigo e que vejo acontecer com outras. Acho que isso é um ponto que tira um pouco a máscara de assunto difícil, chato. Difícil e chato é ser mulher e ter que aguentar o que aguentamos diariamente quando saíamos na rua, quando queremos sair dessa casca em que colocam a gente desde as primeiras lições de convivência social, desde a primeira aula da escola.
Ava Rocha, Karol Conká e Alice Caymmi são outras cantoras que levantam a bandeira feminista dentro e fora do palco.
— Nunca me conformei com as divisões de gênero estabelecidas pela sociedade. Saí do armário como feminista quando lancei o meu primeiro disco e tive espaço para me posicionar nos meios de comunicação — conta a neta de Dorival Caymmi, de 25 anos.
A pedido da Revista O GLOBO, Alice “incorporou’’ aquela operária americana do icônico cartaz para sua foto.
— Do mesmo jeito que, nos anos 1960 e 1970, drogas e sexo livre eram considerados uma transgressão, agora a androginia é o grande it, o lugar de incômodo, o rompimento de barreiras. Ainda bem que a música brasileira está abraçando essa causa — comemora Alice.
Karina Buhr incomodou tanto que teve a sua conta do Facebook suspensa por 24 horas após publicações da ação Sexo Ágil, criada por ela e pela designer Camila Fudissaku há três anos.
— Tive várias fotos e desenhos excluídos “por excesso de pele” — conta Karina, autora do recém-lançado “Desperdiçando rima” (Fábrica 231).
Polêmicas à parte, ela sonha com o dia em que não vai precisar mais vestir a camisa do movimento feminista:
— Quero que chegue o dia em que a gente seja simplesmente a gente, que sejam colocadas para homens e mulheres todas as opções de escolha, e a gente seja livre pra decidir. O dia em que não nos empurrem goela abaixo cor-de-rosa, maquiagem, salto alto, o gosto pela arrumação da casa, e que a criação dos filhos seja escolha de qualquer pessoa e não uma designação óbvia para mulheres. Isso não é o natural?
O dicionário das mulheres que vão à luta
Nove em cada dez frases da nova geração feminista são pontuadas por conjugações do verbo “empoderar”, que vem do inglês “empowerment”. A seguir, um pequeno glossário.
Empoderar: Vai muito além do ato de tomar poder sobre si. É possibilitar a autonomia da mulher de forma coletiva, ou seja, empoderar uma para fortalecer todas.
Sororidade: A solidariedade entre mulheres. Não vale uma falar mal da outra.
Esquerdo-macho: O homem que discursa bonito sobre igualdade mas, em casa, não lava um copo.
Não-binário: Pessoa que não se identifica com o gênero masculino nem com o feminino.
Cis: Abreviação de cisgênero. Concordância entre a identidade de gênero e o sexo biológico.
Feminista interseccional: Apoia as transexuais e os não-binários.
Bandeiras em movimento
Algumas bandeiras antigas do feminismo continuam em pauta, como a descriminalização do aborto. Abaixo, quatro particularidades do movimento contemporâneo:
Corpo presente: Está no centro do debate atual. Cada uma quer o direito de fazer com ele o que bem entender.
Acesso: O feminismo ficou conhecido como um movimento da “elite branca”, concentrado no meio acadêmico. Atualmente, atinge todas as classes sociais, transexuais, não-binários.
Território: A nova geração luta pelo direito de circular pela cidade sem se sentir ameaçada pelo assédio.
Pop: O feminismo atual está cheio de ícones da cultura pop e se faz presente na música, nas artes plásticas, na poesia.
Joana Dale
Acesse o PDF: A minissaia é o sutiã da vez (O Globo, 26/04/2015)