(O Globo) O posicionamento vago e defensivo adotado pelos candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) está causando desânimo e revolta na comunidade homossexual, que não sente suas reivindicações apoiadas por nenhuma das candidaturas.
Para algumas lideranças do movimento LGBT (de gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros), a pressão conservadora está deturpando a luta pelos direitos dos homossexuais e estimulando a homofobia, ao confundir união civil com casamento religioso.
Pressionada por religiosos a divulgar carta contra o casamento de homossexuais e a criminalização da homofobia, Dilma Rousseff disse que não enviará ao Congresso nenhuma lei que cause impacto na religião, mas frisou que “a união civil diz respeito aos direitos civis” e que o casamento “diz respeito às igrejas e ninguém pode interferir”.
José Serra afirmou que “é a favor da união civil entre pessoas do mesmo sexo, mas, no que se refere ao casamento gay, cabe às igrejas tomarem sua posição”.
O movimento LGBT nunca lutou pelo casamento religioso, mas pela aprovação do projeto de união civil, que há 15 anos tramita no Congresso. “Não queremos destruir a família de ninguém, mas construir a nossa. Não queremos casamento, mas respeito como cidadão”, diz Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Para o estilista Carlos Tufvesson, do Conselho dos Direitos da População LGBT do Rio, ao ceder às pressões contra o Plano Nacional de Direitos Humanos e o Projeto de Lei 122 (que criminaliza a homofobia) os candidatos compactuam com a intolerância de religiões que tratam a homossexualidade como doença ou um mal a ser erradicado.
Leia na íntegra: Discursos de Dilma e Serra incomodam comunidade gay (O Globo – 14/10/2010)