(O Estado de S. Paulo) O jornalista Eugênio Bucci comenta as primeiras declarações da presidente eleita Dilma Rousseff sobre seus compromissos democráticos, entre os quais o professor da ECA/USP destaca: “Zelarei pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa”.
“Segundo a hermenêutica lulista, a liberdade não é nem pode ser irrestrita. (…) Dilma pensa diferente, ainda bem. Com extrema elegância, ela discorda de Lula. Ambos conheceram na pele os danos que o jornalismo irresponsável pode causar; poucas pessoas foram tão feridas por notícias mal apuradas, ilações maldosas, calúnias enviesadas, baixezas inomináveis em blogs, jornais e revistas. Mas cada um deles enxerga trilhas diferentes para a melhoria da imprensa.”
“Não nego a vocês que, por vezes, algumas das coisas difundidas me deixaram triste. Mas quem, como eu, lutou pela democracia e pelo direito de livre opinião arriscando a vida; quem, como eu e tantos outros que não estão mais entre nós, dedicamos toda a nossa juventude ao direito de expressão, nós somos naturalmente amantes da liberdade. (…) Prefiro o barulho da imprensa livre ao silêncio das ditaduras. As críticas do jornalismo livre ajudam ao País e são essenciais aos governos democráticos, apontando erros e trazendo o necessário contraditório”, disse a presidente eleita.
“À Presidência da República, como bem disse Dilma Rousseff, cabe apenas ‘zelar pela mais ampla e irrestrita liberdade de imprensa’, o que não é pouco. O resto é com a sociedade e, em alguma medida, com o Poder Legislativo e o Poder Judiciário. Que a nossa sociedade, a nossa legislação e a nossa Justiça, com o engajamento declarado da nova presidente da República, assegurem ao nosso povo uma liberdade de imprensa verdadeiramente irrestrita.”
Leia na íntegra: Que a liberdade seja mesmo irrestrita, por Eugênio Bucci (O Estado de S. Paulo – 04/11/2010)