(Blog da Saúde/MS, 14/08/2015) O Ministério da Saúde está promovendo um conjunto de ações para melhorar a saúde das mulheres do campo, das florestas e das águas. As iniciativas atendem às reivindicações das trabalhadoras rurais, extrativistas, indígenas e quilombolas que fazem parte da Marcha das Margaridas.
São ações que incluem um mês de ações intensivas para a mulher desta área, odontologia e vigilância. “Vamos avançar no cuidado ao câncer, particularmente de mama e do colo. Vamos aprimorar as condições para o tratamento de intoxicações por agrotóxicos e por acidentes com animais peçonhentos. Teremos também avanços significativos na atenção à saúde bucal”, enumerou a presidenta Dilma Rousseff, durante do lançamento do plano de ação.
O ministro da Saúde, Arthur Chioro, reforçou que “todas essas iniciativas são um compromisso do governo federal para intensificar a saúde da mulher do campo, da floresta e das águas, expressas em programas como o Mais Médicos, que hoje conta com 1.510 médicos que atendem às comunidades ribeirinhas, quilombolas e indígenas”.
Mês da mulher no campo
Uma das conquistas destacada pela presidenta Dilma foi a entrada da Saúde da Trabalhadora do Campo no calendário do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso porque, a partir de 2015, todos os anos haverá um mês dedicado à saúde da mulher. Serão 30 dias para monitorar e intensificar as ações de atenção integral à saúde feminina por meio de mobilização nacional. Neste ano, será em novembro, quando os postos de saúde se organizarão para acolhê-las, de forma prioritária, ofertando consultas clinico-ginecológicas e exames preventivos, como papanicolau e mamografia, reforçando, assim, o cuidado ao câncer, especialmente de mama e colo.
Também será feita a detecção de hipertensão e diabetes, distribuição da vacina do HPV, de pílula do dia seguinte e atualização do esquema vacinal. “São ações que estão disponíveis nas unidades de saúde durante todo o ano, contudo, no mês de mobilização nacional, o atendimento será prioritário”, explica Chioro.
“Estamos muito felizes com este plano. Por conta das dimensões continentais deste país é muito difícil chegar a todas as mulheres e no campo o acesso é ainda mais difícil. É importante que essas medidas possam chegar até nós” comentou Maria das Neves, dirigente da UJS e da UBM. Ela lembrou que um dos grandes problemas tem sido a falta de exames preventivos do câncer de mama e do colo do útero. “O câncer tem levado à morte prematura de muitas mulheres no campo e uma medida que eu quero destacar é universalização da vacina contra o HPV para as nossas jovens, principalmente na região Norte do País”, completou.
Para prevenção e tratamento do câncer de mama e do colo do útero, o Ministério da Saúde realizou no ano passado mais de 9,3 milhões de exames citopatológicos e 4,3 milhões de mamografias no país todo.
O plano também vai reforçar o enfrentando da mortalidade materna. Para tanto, o Ministério da Saúde está propondo a capacitação de 200 parteiras tradicionais da população do campo e de áreas distantes e entregar um conjunto de instrumentos para auxiliá-las neste ofício. No mesmo sentido, será incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) a distribuição de kits anti-hemorragia (traje de emergência), para serem utilizados, caso necessário, após o parto para controle de sangramento. Evitando a morte por hemorragia, dando tempo necessário para que a mulher possa ser transportada ao hospital mais próximo. Assim, serão disponibilizados, neste primeiro momento, 500 trajes de emergência e serão treinados profissionais de saúde para utilizá-los.
De 1990 a 2012, a razão da mortalidade materna no Brasil caiu 57%, passando de 143,2 mortes por 100 mil nascidos vivos para 61,5 óbitos por 100 mil nascidos vivos. Um dos fatores que contribuiu para essa redução foi o aumento do número de consultas de pré-natal pelo SUS. Somente em 2014, foram realizadas mais de 20 milhões de consultas, ampliação de 105% em relação a 2003.
O Ministério da Saúde investiu R$ 16,7 milhões na compra de 102 Unidades Odontológicas Móveis para distribuir, ainda em 2015, a municípios que tenham população em área rural, que fazem parte do Programa Brasil Sem Miséria, e outras sete em áreas indígenas. A cada ano, serão repassados R$ 6,1 milhões para o custeio dessas unidades que conseguem chegar a locais de difícil acesso, facilitando o atendimento para tratamento de cáries e outros serviços geralmente só feitos na zona urbana.
Intoxicação e animais peçonhentos
Por trabalharem no campo, as mulheres e suas famílias estão sujeitas tanto a contaminação por uso de agrotóxicos como a acidentes com animais peçonhentos. Por isso, o governo federal assumiu o compromisso na V Marcha das Margaridas de ampliar o acesso regulamentado aos Serviços e Centros de Informação Toxicológica na rede de urgência e emergência. Esses serviços são geralmente mantidos por organizações não governamentais e não estão inseridos na rede do SUS. A medida também inclui aumentar a divulgação desses serviços, que poderão ser acessados por telefone para esclarecimentos e orientações tanto para profissionais de saúde, por meio do Telessaúde, quanto para a população em geral em caso de intoxicação ou picada por animal peçonhento.
Entre 2007 e 2014 foram notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) 1.442 casos de intoxicação por agrotóxicos de mulheres trabalhadoras das áreas de agricultura, pecuária, extrativismo e pesca, esse total representa 24,34% (5.923) das notificações para esse conjunto de trabalhadores (campo, águas e floresta). Foram repassados aos estados um total de R$ 22,7 milhões para o fortalecimento das ações de vigilância em saúde de populações expostas a agrotóxicos.
Com isso, o objetivo é ofertar melhores condições para que os profissionais possam tratar com qualidade as intoxicações agudas e crônicas por agrotóxicos e acidentes por animais peçonhentos, pela exposição no trabalho, acidente doméstico ou ingestão intencional. Na zona rural, os acidentes mais comuns são com cobras, principalmente com trabalhadores rurais. No ano passado, ocorream 27 mil acidentes com cobras em todas as áreas, urbana e rural.
“Queremos que todas essas medidas tragam condições mais saudáveis para todas nós, para mãe e o bebê, principalmente para nossas jovens”, afirma Maria das Neves.
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