(O Estado de S. Paulo/A Capa) Cerca de 200 pessoas reuniram-se no domingo no vão livre do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na Avenida Paulista, para protestar contra a homofobia. “Estamos aqui para chamar a atenção das autoridades. Lutamos por políticas públicas adequadas contra a homofobia”, declarou Beto de Jesus, ativista do movimento Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT) e um dos organizadores da manifestação junto com mais de 20 associações.
“Temos uma bancada religiosa de pessoas que eu não sei se são parlamentares ou pastores, mas que barram qualquer projeto pró-LGBT, negro e também atua contra as mulheres. É preciso acabar com isso”, disse o ativista, que também atentou para o estereótipo dos agressores. “Esta última agressão chama a atenção pelo fato de que não se trata de skinheads e, sim, de jovens da classe alta de São Paulo”, disse o ativista.
Irina Bacci, do Coletivo de Feministas Lésbicas (CFL), questionou o fato de os homens não saberem lidar com a cantada masculina. “Por que os homens não conseguem lidar com a cantada masculina? O machismo é o fruto de tudo isso. Estamos aqui para dizer que este lugar (avenida Paulista) é nosso e que não aguentamos mais tanta violência.”
“É inaceitável, em pleno século 21, violências praticadas por motivo de homofobia, machismo, racismo ou qualquer tipo de discriminação. O amor entre homossexuais deve ser tão celebrado quanto o amor entre heterossexuais. O que devemos combater são todas as formas de violência praticada contra qualquer pessoa. O movimento LGBT, assim como o movimento de mulheres, de negros e a sociedade organizada, deve enfrentar de forma contundente estas situações de discriminações”, diz Lurdinha Rodrigues, da Liga Brasileira de Lésbicas.
“Contra a homofobia a nossa luta é todo dia”; “Tirem os seus rosários dos nossos ovários”; “Abaixo a repressão! Mais amor e mais tesão”; “Se cuida, se cuida, se cuida seu machista que a América Latina será toda feminista”; estas eram algumas das palavras de ordem que ecoaram pela avenida.
A manifestação foi divulgada em redes sociais da internet e contou com público menor do que o esperado pelo produtor Ricardo de Castro, um dos organizadores. “Esperava mais gente. Se nem os gays derem apoio, quem vai dar?”, reclamou Castro.
O ato contou também com a participação de políticos, como o presidente da Frente Parlamentar pela Cidadania LGBT, deputado federal Ivan Valente (PSOL), e do deputado federal eleito Jean Wyllys (PSOL).
Os manifestantes andaram do Masp até o local onde jovens foram agredidos, em um ataque de motivação homofóbica. Em frente ao prédio, os participantes aplaudiram os seguranças que ajudaram um dos rapazes agredidos.
Leia a íntegra do Manifesto Contra a Homofobia (19/11/2010)
Acesse as matérias:
Movimento gay protesta contra homofobia na Paulista (O Estado de S. Paulo – 22/11/2010)
Ato contra homofobia reúne 500 pessoas em São Paulo (A Capa – 22/11/2010)