(Folha de S. Paulo, 06/10/2015) A licença-maternidade foi o benefício mais afetado pela greve dos servidores do INSS. Em julho e agosto, dois primeiros meses da paralisação que durou até final de setembro, o número de benefícios concedidos para as mulheres caiu 62%, segundo dados da Previdência Social.
No total, a greve reduziu em 41% as concessões de novos benefícios nesses dois meses, sendo 37% de queda entre a população urbana e 59% na rural.
A queda nas despesas da Previdência foi um dos fatores que ajudaram o governo a reduzir pela metade o deficit nas contas públicas em agosto em relação ao mesmo mês do ano passado. O governo reduziu o gasto com benefícios em R$ 831 milhões em relação a agosto de 2014.
O Nordeste foi a região mais prejudicada pela greve, com queda de 57% nas concessões. No Sudeste, a redução foi de 35%, a menor entre as regiões do país. O percentual é o mesmo verificado no Estado de São Paulo.
Em todo o país, o número de novas aposentadorias caiu 46%. Nas pensões por morte, que além de serem afetadas pela greve tiveram regras de concessão alteradas pelo governo neste ano, o recuo foi de 54% em relação ao mesmo período de 2014.
A greve também reduziu a liberação de novos pagamentos de auxílio-doença em 30%. Essa é a despesa que tem respondido nos últimos anos pela maior parte dos atendimentos e dos novos gastos da Previdência.
O QUE FAZER
Em sua página na internet, o INSS orienta os segurados a utilizarem seu site (www.previdencia.gov.br ) ou a central telefônica 135 para agendar atendimento em vez de ir pessoalmente a uma agência.
Quem tinha horário previsto para o período da greve deve remarcá-lo. Nesses casos, o governo fará o pagamento retroativo ao primeiro dia em que os beneficiários fizeram a marcação do atendimento.
O INSS orienta os segurados a irem pessoalmente a um posto só em casos de “grande necessidade” ou com horário agendado.
AGENDAMENTOS
Embora a paralisação tenha terminado na semana passada, as pessoas ainda encontram dificuldades para entrar com o pedido para receber benefícios.
No Distrito Federal, a empregada doméstica Ana Lúcia dos Santos, 32, por exemplo, espera dar à luz na próxima semana, mas só consegue agendar atendimento para o início de março. Depois de muitas tentativas, conseguiu marcar a entrega dos documentos no próximo mês.
Para isso, precisará viajar para uma cidade a 135 km de sua casa. Por telefone, a trabalhadores doméstica foi informada de que seu caso não se enquadrava como “grande necessidade”.
Eduardo Cucolo
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