(SEPPIR, 06/11/2015) Atividade integradora da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional foi realizada nesta quarta-feira (05)
Integrando a programação do segundo dia da 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (#5CNSAN), foi realizada na noite desta quarta-feira (05) a atividade “Racismos, iniquidades de gênero e insegurança alimentar e nutricional – Um diálogo necessário”. O debate reuniu delegados, convidados e observadores que discutiram sobre o impacto dos racismos como determinantes sociais que promovem e mantém as desigualdades para a população negra no Brasil.
A atividade também teve como objetivo produzir conhecimento e acesso à informação sobre racismo institucional, racismo ambiental, racismo introjetado, iniquidades de gênero e insegurança alimentar e nutricional. De acordo com a ativista do movimento feminista negro do Paraná, Heliana Hemetrio, o racismo resulta em doenças físicas e psicológicas para negras e negros. “O Brasil é um país racista e isso é um agravante para a nossa saúde. Nós não nos damos conta que essa opressão no adoece física e psicologicamente, desenvolvendo doenças como hipertensão, diabetes… O racismo nos adoece e mata”, declarou Hemetrio. A ativista afirmou que uma das maneiras de enfrentar essa situação é fortalecendo a autoestima. “Temos que voltar a trabalhar a questão da autoestima para que possamos nos sentir pessoas íntegras para enfrentar o racismo de cada dia”, afirmou.
Para a representante do Ministério da Saúde presente na atividade, Lia Maria, o alimento tem importância para a saúde e a construção da identidade da população negra, destacando o papel das mulheres na promoção da segurança alimentar. “As mulheres estão no centro da segurança alimentar. São as quilombolas, as mulheres de comunidades tradicionais, as indígenas, marisqueiras, ribeirinhas, entre outras, que possuem e transmitem o conhecimento alimentar para seus grupos”, afirmou. Ela destacou como o racismo institucional prejudica o direcionamento das políticas públicas para a população negra. “O racismo institucional deslegitima nossas crenças, nosso modo de falar, nosso jeito de ser. Sem a titulação de terras quilombolas, por exemplo, não teremos onde cultivar nossos alimentos e garantir a segurança alimentar. Temos nosso próprio modo de plantar, colher e comer. A intolerância com os saberes culturais negros resultam em matérias que criminalizam o sacrifício animal em nossos rituais sagrados, por exemplo, enquanto não existe nenhum questionamento quanto às exigências que países importadores da carne brasileira fazem sobre o abate de animais”, declarou Lia Maria.
5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (#5CNSAN)
Com o lema “Comida de verdade no campo e na cidade: por direitos e soberania alimentar”, a 5ª Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (#5CNSAN) está sendo realizada entre os dias 3 e 6 de novembro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília – DF.
Cerca de 2 mil pessoas de todas as regiões do Brasil, entre representantes da sociedade civil, indígenas, quilombolas, população negra, povos de terreiro, ciganos, estão reunidos com o objetivo de ampliar e fortalecer os compromissos políticos para a promoção da soberania alimentar, garantindo o Direito Humano à Alimentação Adequada e Saudável, assegurando a participação social e a gestão intersetorial no sistema, na política e no Plano Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. A conferência é organizada pelo Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea).
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