(El País, 07/11/2015) Acontece neste sábado em Madri a Marcha Estatal contra as Agressões Machistas, convocada por mais de 400 coletivos feministas de toda a Espanha para exigir que a luta contra a violência de gênero seja vista como “uma questão de Estado”. Dezenas de milhares de pessoas percorrem as ruas do centro da capital espanhola, do Paseo del Prado à Plaza de España, passando pela rua Alcalá e a Gran Via.
À frente da passeata há um grande cartaz com o lema “Contra as agressões machistas” nas quatro línguas oficiais da Espanha – castelhano, catalão, basco e galego. Outros cartazes fazem conclamações como “Denuncie os maus tratos”, “Machismo covarde, terrorismo” e “Chega de mortes por ser mulher”. À frente, ouvem-se gritos de “não estamos todas, faltam as mortas” e “a luta será feminista ou não será”.
Pedro Sánchez, secretário geral do Partido Socialista Operário Espanhol, esteve no local por volta de 12h (hora local), pouco antes do início da manifestação. “Espero que lideremos um grande pacto de Estado, um pacto entre cidadãos, a partir [da eleição geral espanhola] de 20 de dezembro”, disse ele. O dirigente socialista se referiu a esse acordo como um “pacto de vida” e relembrou que sua primeira visita depois de eleito secretário-geral do PSOE foi a um apartamento usado por mulheres vítimas da violência masculina. “Quero hoje homenagear a memória das mais de 800 mulheres assassinadas, mas também das crianças que ficaram órfãs ou perderam a vida nas mãos de cônjuges ou ex-cônjuges das suas mães.”
Pablo Iglesias, candidato a primeiro-ministro pelo partido esquerdista Podemos, elogiou, instantes antes do início da passeata, o seu caráter apartidário, acrescentando no entanto que “é preciso ficar claro quem está com as mulheres e quem não está”. Acrescentou que “não pode haver mais cortes orçamentários” nas medidas contra a violência de gênero e defendeu o direito de toda mulher a fazer o que quiser com seu corpo.
O Partido Popular (conservador, no Governo) foi representado por sua vice-secretária setorial Andrea Levy. Inicialmente o PP não aderiu à manifestação, e vereadores seus em municípios como Madri votaram contra a moção proposta pelo Movimento Feminista para respaldar a mobilização, num texto que denunciava os cortes nas políticas de combate à violência de gênero.
Levy negou a existência desses cortes e defendeu a gestão do Governo de Mariano Rajoy, que, segundo ela, “teve e tem sensibilidade com este tema, como não poderia deixar de ser”.
A manifestação deve percorrer o Paseo del Prado e avançar pelas ruas Alcalá e Gran Via até culminar na Plaza de España, onde será lido um manifesto. Uma “comissão de respeito” vela pelo transcurso pacífico da mobilização, segundo a plataforma organizadora Movimento Feminista.
A prefeita de Madri, Manuela Carmena, recebeu antes da manifestação diversas representantes de cidades que se declaram contrárias às “agressões machistas”, incluindo sua colega de Barcelona, Ada Colau.
O ministro da Saúde, Serviços Sociais e Igualdade, Alfonso Alonso, mostrou seu respeito a “todo mundo” que quiser participar da marcha, mas anunciou que não iria.
Desde o começo deste ano, a violência de gênero fez com que 41 mulheres espanholas fossem mortas por seus cônjuges e ex-cônjuges, segundo estatísticas do Ministério da Saúde; desde 2003, são mais de 800 vítimas fatais. Os tribunais recebem diariamente 266 denúncias de violência de gênero na Espanha.
Aitor Bengoa
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