(G1/Distrito Federal, 18/11/2015) Concentração ocorreu no Nilson Nelson; grupo caminha na contramão. PM estima presença de 4 mil pessoas, e organização espera 20 mil
Contra o racismo e violência que afeta mulheres negras, um grupo fechou as seis faixas do Eixo Monumental na manhã desta quarta-feira (18) em marcha em direção ao Congresso Nacional. A concentração começou às 8h30 em frente ao Ginásio Nilson Nelson.
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Por causa da interdição, a recomendação da PM era de que os motoristas pegassem acessos por trás do Estádio Nacional Mané Garrincha e pelo Parque da Cidade. A estimativa da corporação é de que 4 mil pessoas participavam do evento. O número, de acordo com a organização, pode chegar a 20 mil ao longo da passeta.
A marcha foi “puxada” por mulheres com trajes tradicionais da Bahia. Segundo uma das organizadoras do evento, Vanda Menezes, o objetivo é mostrar o respeito pela ancestralidade. A ministra da Cidadania, Nilma Lino, disse que o movimento é importante porque mostra a “afirmação da mulher negra” porque defende a “mudança da paisagem de poder e o empoderamento” da classe.
Presente no ato, a deputada Maria do Rosário (PT-RS) disse que o protesto é uma “novidade” porque tem força para “mudar a política pública para o grupo, que é o mais pobre que mais sofre violência”.
A vendedora de acarajé Lúcia Santos se disse “empolgada” durante o protesto. “Estou muito animada. É a primeira vez que uma marcha do tipo acontece, uma coisa que deveria existir faz tempo”, contou a mulher, nascida em Salvador.
O último censo do IBGE aponta que as mulheres negras representam 25,5% da população brasileira. De acordo com o Mapa da Violência divulgado no início do mês, os casos de homicídio envolvendo mulheres negras cresceram 54,2% entre 2003 e 2013, passando de 1.864 para 2.875. No mesmo período, o número de ocorrências envolvendo mulheres brancas caiu 9,8% (de 1.747 para 1.576).
A marcha também reuniu homens. O estudante Daniel Manhães faz parte de um grupo de 40 pessoas que chegou nesta quarta a Brasília vindo do Rio de Janeiro. “As mulheres têm o direito delas e temos de apoiar”, afirmou.
É também a opinião do estudante Rhuan Nunes. “Muitas mulheres sofrem preconceito. E eu não gostaria que minha mãe ou minhas irmãs passassem por isso.”
A professora Sandra Santana aproveitou a marcha para conhecer a Torre de TV. “É uma oportunidade para visitar a cidade porque normalmente só passo por Brasília atravessando”, contou a mulher, interessada em uma camisa à venda nos quiosques da torre.
Gabriel Luiz
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