(Agência Patrícia Galvão) Heleieth Saffiotti, socióloga e feminista, faleceu na última segunda-feira, com 76 anos.
Saffiotti foi uma das pioneiras do movimento feminista no Brasil e uma das primeiras acadêmicas brasileiras a publicar livros e artigos sobre a condição das mulheres. Formada em Direito e em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), criou um núcleo de estudos de gênero, classe e etnia na UFRJ, orientou teses na PUC-SP e aposentou-se como professora titular de Sociologia da Unesp (Universidade Estadual Paulista).
A Heleieth, nossas homenagens.
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HELEIETH IARA BONGIOVANI SAFFIOTI
(1934-2010)
Defendeu os direitos das mulheres
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
Por unir militância política com produção acadêmica, a socióloga e professora Heleieth Iara Bongiovani Saffioti tornou-se uma referência no movimento feminista.
Seu pioneirismo no estudo das questões de gênero começou em 1967, quando ela defendeu a tese de livre-docência pela Unesp, intitulada “A Mulher na Sociedade de Classes: Mito e Realidade”.
A partir de então, Heleieth iria escrever 12 livros sobre a condição da mulher, além de artigos sobre o assunto.
Criou um núcleo de estudos de gênero, classe e etnia na UFRJ, orientou teses na PUC-SP e se aposentou pela Unesp de Araraquara, de onde recebeu o título de professora emérita no ano passado.
Filha de uma costureira e de um pedreiro, ela nasceu em Ibirá (SP) e se formou em ciências sociais pela USP. Seu marido, o químico Waldemar Saffioti, foi professor, autor de livros didáticos e vereador em Araraquara (SP).
Em 2000, pouco após ficar viúva, Heleieth decidiu doar à Unesp a chácara que o casal tinha em Araraquara, para que virasse um centro cultural. O local havia sido, anteriormente, do tio de Mário de Andrade e foi lá que o autor escreveu “Macunaíma”.
Em 2005, ela chegou a ser indicada ao Nobel da Paz, ao lado de outras 49 brasileiras, como Zilda Arns e Luiza Erundina, por integrar o Projeto Mil Mulheres, iniciado por ativistas suíças para o reconhecimento do papel feminino nos esforços pela paz.
Continuou trabalhando até o fim da vida e morava com a mãe, Angela, 97. Morreu anteontem, aos 76, devido a uma hipertensão arterial sistêmica. Não deixa filhos.