(HuffPost Brasil, 09/02/2016) No último domingo (7), Beyoncé fez história ao se apresentar no intervalo do Super Bowl, grande final do campeonato de futebol americano NFL, na Califórnia, Estados Unidos.
A cantora não apenas fez um show tecnicamente impecável – que chegou a ofuscar Coldplay e Bruno Mars, que também se apresentaram –, mas fez dele também um ato político.
Beyoncé cantou seu novo single, Formation, cuja letra é, basicamente, um salmo para encorajar e reforçar a autoestima dos negros.
“Eu gosto do meu nariz com narinas Jackson Five”, diz a letra.
O videoclipe recém lançado mostra a cantora em cenários e situações que remetem à cultura negra negra no sul dos EUA, considerada uma das regiões mais racistas do país. Também faz referências à violência policial contra negros.
Com um esquadrão de dançarinas negras vestidas como militantes da organização revolucionária Panteras Negras, Beyoncé fez uma apresentação incisiva – que também citou o movimento Black Lives Matter, que contesta a violência policial contra negros, pedindo justiça por mais uma de suas vítimas.
Foi o suficiente para comentaristas conservadores criticarem a cantora.
Rudy Giuliani, ex-prefeito de Nova York, disse no programa Fox and Friends, da Fox News, que a apresentação foi “ultrajante”, por “atacar os policiais que são pessoas que protegem ela [Beyoncé] e nós”.
Ele comentou:
“O que deveríamos estar fazendo na comunidade negra e em todas as comunidades é construir respeito pelos policiais. E nos focar no fato de que, quando alguma coisa dá errado, tudo bem. Trabalharemos nisso. Mas a vasta maioria dos policiais arriscam suas vidas para nos manter a salvo”. (via Media Matters)
Mike Huckabee, ex-governador do estado do Arkansas, disse no Daily Show que a cantora foi “vulgar” e “grosseira”, além de sugerir que ela estimula garotinhas jovens a serem strippers:
“Você conhece algum pai ou mãe que tem uma filha e diz a ela, ‘querida, se você tirar notas realmente boas, um dia, quando você tiver 12 ou 13 anos, nós te daremos seu próprio pole de stripper?” (via Esquire)
O congressista republicano Peter T. King comentou no Facebook que “Beyoncé pode ser uma entertainer talentosa, mas ninguém deveria se importar com o que ela pensa sobre qualquer assunto sério confrontando nossa nação”.
Donald Trump, pré-candidato republicano à presidência dos EUA, avaliou a apresentação como “ridícula” e “inapropriada”.
“Quando Beyoncé estava ‘empurrando’ seus quadris para frente de modo sugestivo, se outra pessoa tivesse feito isso, teria sido um escândalo nacional”, disse.
Segundo a organização Mapping Police Violence, a polícia dos EUA matou uma pessoa negra a cada 26 horas em 2015 – foram pelo menos 336 vidas terminadas.
A MPV diz também que 30% das vítimas negras em 2015 estavam desarmadas, ao contrário dos 19% representantes das vítimas brancas.
Negros têm três vezes mais chances de serem mortos pela polícia do que brancos.
Caio Delcolli
Acesse no site de origem: Por que o show de Beyoncé no Super Bowl revoltou conservadores nos EUA (HuffPost Brasil, 09/02/2016)